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Silêncio em Londres para escutar sinos e salvas de canhão

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Foto Reuters

O silêncio solene cumprido pelos milhares de pessoas que acompanharam hoje as badaladas dos sinos na Catedral de São Paulo e as salvas de canhões na Torre de Londres evidenciou o respeito de britânicos e estrangeiros por Isabel II.

Às 12:00 locais (a mesma hora em Lisboa) começaram a soar os sinos na Catedral, igreja matriz da Diocese de Londres da Igreja Anglicana, e sede do Bispo da cidade, uma badala por cada um dos 96 anos da monarca que morreu na quinta-feira em Balmoral, na Escócia.

Centenas de londrinos de várias partes da cidade e trabalhadores na área convergiram para o local, concentrando-se apenas para escutar os sinos e refletir, como foi o caso de Kitty Oldham.

"Quis vir escutar os sinos neste momento histórico. Enquanto criança, fui retirada para os Estados Unidos durante a guerra por isso a Rainha sempre foi alguém por quem eu tive respeito", disse à agência Lusa.  

A homenagem foi replicada em igrejas, capelas e catedrais por todo o país, instigadas pela Igreja de Inglaterra também a organizar orações ou missas especiais na sequência do anúncio do Palácio de Buckingham.

As ruas em redor à catedral londrina foram fechadas ao trânsito, em preparação para uma missa especial hoje às 18:00 horas, o que contribuiu para uma quietude invulgar num local normalmente movimentado da cidade.

Na cerimónia espera-se que estejam presentes algumas figuras de Estado, nomeadamente a primeira-ministra, Liz Truss, e o Mayor (presidente da câmara) de Londres, Sadiq Khan, mas a maioria dos lugares serão atribuídos a cidadãos comuns. 

Jonathan Knight, de 19 anos, soube que iriam dar acesso através da rede social Twitter, por isso chegou logo pelas 10:30, mas a fila era pequena. 

"É um momento histórico tendo em conta que a Rainha viveu tanto tempo. Enquanto músico, também estou curioso relativamente à seleção que vai ser feita, porque devem ser escolhidas algumas peças especiais", explicou à Lusa. 

A namorada, Emma Casson, também envergava a pulseira de acesso à catedral, e confessou-se "fascinada pela Rainha". 

"Estivemos ontem [quinta-feira] à noite no Palácio de Buckingham para ver a atmosfera e prestar homenagem. É algo que vamos ter para contar aos nossos filhos", acrescentou. 

Emma Bingham também conseguiu acesso e preparava-se para ir até ao Palácio de Buckingham para depositar uma rosa vermelha. 

"Muitas pessoas estão perdidas e preocupadas porque a Rainha era a cola que unia o país. Até os meus amigos republicanos têm respeito por ela", confidenciou.

Nas ruas é visível uma presença reforçada da polícia, incluindo de agentes armados, e as condições atmosféricas instáveis, variando entre aguaceiros e períodos de sol.

O cenário de deferência era semelhante na Torre de Londres, a antiga prisão junto ao rio Tamisa onde estão guardadas as joias da coroa britânica e um dos locais no Reino Unido onde se realizou uma salva de canhões de 96 tiros de canhão em memória da soberana, que era também a Comandante-chefe das Forças Armadas. 

Durante 16 minutos, a um ritmo de um tiro por cada 10 segundos, uma multidão de britânicos e turistas escutou em silêncio e de telemóvel em riste, procurando fotografar o momento ou apenas vislumbrar as manobras, obstruídas pelas muralhas de pedra do edifício centenário. 

No local, Sarah e David observaram os procedimentos e preparavam-se para se deslocar até ao Palácio de Buckingham ou Castelo de Windsor para depositar um ramo e flores. 

Viajaram hoje 170 quilómetros desde King's Lynn, na costa nordeste de Inglaterra, para prestar homenagem à Rainha, e vão ficar pelo menos dois dias, e ponderam voltar para as cerimónias do funeral, dentro de uma semana. 

"Sinto-me como se tivesse perdido uma avó. Neste momento só quero estar em Londres para poder estar mais perto dos acontecimentos", afirmou Sarah.

A Rainha Isabel II morreu na quinta-feira aos 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos do mais longo reinado da história do Reino Unido.

Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926, em Londres, e tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o seu irmão abdicou.

Após a morte da monarca, o seu filho primogénito assume aos 73 anos as funções de rei como Carlos III.