Técnicas recusam cuidar de crianças e fazer limpezas ao mesmo tempo

Cerca de sete dezenas de pessoas participaram na manifestação de técnicas de apoio à infância que decorreu esta manhã frente ao edifício da Secretaria de Educação, na Avenida Arriaga. Uma acção que coincide com uma greve que teve uma adesão "acima dos 90% na maior parte das salas de creche e pré-escolar", um "claro indicador da desmotivação e do descontentamento que existe na carreira", segundo a interpretação da coordenadora regional do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), Leonilde Cassiano.
As técnicas de apoio exigem uma renegociação de vários aspectos das suas carreiras, o principal dos quais é a clarificação do conteúdo funcional desta classe. Isto porque “muitas delas estão a exercer funções de execução de limpeza geral, o que não é admissível”. “Ou bem olhar à criança ou bem fazer limpezas gerais dentro da sala”, explicou Leonilde Cassiano. Guida Vieira, delegada do Sindicato da Função Pública e técnica de apoio à infância há mais de 30 anos, descreveu o mesmo problema: “O que se está a passar é muito grave, porque estão a pôr todo o trabalho para cima das técnicas de apoio à infância. Antes da fusão das escolas, nós tínhamos infantários, creches e jardins-de-infância que eram exemplos a nível mundial, porque tínhamos auxiliares que faziam a limpeza, ajudantes que trabalhavam directamente com a criança e uma ecónoma que tomava conta do pessoal não docente. A fazerem a fusão, baralharam as nossas funções e nós o que pedimos aqui é que seja bem clarificado que não faz parte das nossas funções limparmos”.
Outra reivindicação é o ingresso imediato na carreira de técnicas de apoio à infância das assistentes operacionais que já hoje exercem funções dentro das salas, porque os recursos humanos são insuficientes. “Temos salas com o dobro das crianças e não podemos dar a devida atenção às crianças quando elas precisam. Ainda ontem falei com uma colega do Porto Santo que fica sozinha a dar de lanchar e a tomar conta de todas as crianças. Isto não pode acontecer, não só para o nosso bem, que ficamos esgotadas, como também para o bem das nossas crianças”, avançou Guida Vieira. Leonilde Cassiano esclareceu que algumas das assistentes operacionais quiseram ingressar na carreira mas “foram afastados de um concurso porque não tinham um curso com 400 horas teóricas sobre educação”.
Neste sector é constituído por mais de 300 técnicas de apoio à infância e cerca de 50 assistentes operacionais que trabalham nas salas. Há um mês o SINTAP solicitou uma reunião ao secretário da Educação, com carácter de urgência, para abordar estes temas mas “não obteve resposta”. Os dois sindicatos envolvidos nestas reivindicações ameaçam organizar “outras formas de luta” caso a situação se arraste.