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Eleitores votam domingo após campanha dominada por tema das guerras de gangues

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Foto Lusa

A Suécia realiza domingo eleições gerais que prometem ser ultra disputadas e com a extrema-direita mais bem posicionada que nunca, após uma campanha dominada pelos temas das guerras entre gangues, cuidados de saúde e integração de imigrantes.

Até há poucos anos isolado na cena política do país escandinavo, o partido nacionalista e anti-imigração dos Democratas Suecos (SD), pode agora ser aliado da direita tradicional e parte de um acordo no Parlamento para formarem governo.

Herdeiro de um grupo neonazi no final dos anos 80, o partido recolhia na altura menos de 1% das intenções de voto e só entrou no Parlamento em 2010, mas os problemas sociais que afligem hoje a sociedade sueca deram-se forçar para se situa hoje como o terceiro ou até o segundo maior partido.

As mortes em acertos de contas entre gangues criminosos - que se tornou um grave problema social -- está no topo das preocupações dos suecos, como mostram as sondagens, seguidos dos cuidados de saúde e da imigração.

Apesar de várias medidas tomadas pelo governo do Partido Social Democrata (S) contra os gangues, incluindo penas mais duras e aumento da capacidade policial, as mortes e ferimentos continuam a acumular-se - desde 1 de janeiro, 48 pessoas foram mortas a tiro, mais três do que em todo o ano de 2021.

Neste contexto, com um discurso anti-imigração aliado à defesa do estado tradicional do bem-estar, o SD conseguiu conquistar as classes trabalhadoras, os reformados e os menos qualificados.

As eleições suecas sempre foram sobre o Estado social, a economia e o emprego, mas estes foram "apagados", além do tema dos crimes de gangues que lutam pelo controlo do mercado das drogas e armas, pela questão da imigração/integração, que gerou uma das principais polémicas durante a campanha.

O ministro da Integração e Migração, Anders Ygeman, fez uma declaração defendendo que em certas áreas os residentes não nórdicos deviam ser limitados a 50 por cento, suscitando críticas entre os partidos de esquerda e o Partido do Centro, cuja líder, Annie Lööf, se manifestou contra a ideia de "quotas étnicas".

Seis anos depois de, perante a forte vaga de imigração, dos sociais-democratas ter mudado de posição neste tema, a primeira-ministra, Madalena Andersson, defendeu de seguida o seu ministro e endureceu o discurso sobre a necessidade de integração.

Os sociais-democratas, disse, opõem-se a "grupos étnicos" e não querem "Chinatown na Suécia", nem "a Somália ou a Pequena Itália" e defendem "uma sociedade onde pessoas com diferentes origens, experiências e rendimentos convivam e se encontram".

Nas últimas sondagens, os sociais-democratas (S) obtêm entre 28,5% e 30% das intenções de voto, contra um mínimo de sempre de 28,3% em 2018, mas ainda à frente do SD (entre 18,8% e 19,8%) que chegam a ultrapassar nalgumas sondagens os Moderados (M), que recolhem entre 17,6% e 18,1%.

Embora subsistam incertezas quanto as resultados, a aproximação entre a direita e a extrema-direita reduziu o debate sobre quem poderá vir a formar governo na Suécia a dois blocos.

Uma provável aliança pós eleições junta os sociais-democratas atualmente no poder com os Verdes, o Partido de Esquerda (ex-comunista) e o Partido do Centro, com este bloco mais à esquerda a somar entre 48,6% e 52,6% dos votos, de acordo com as mais recentes sondagens.

O bloco de direita/extrema-direita englobaria o partido conservador dos Moderados (M), aliado aos Liberais (L) e Democratas Cristãos (KD), com o apoio direto ou indireto da extrema-direita dos Democratas da Suécia (SD), que juntos têm entre 47,1% e 49,6% das intenções de voto.

A primeira-ministra cessante, Madalena Andersson, no cargo há um ano após suceder a Stefan Löfven, que renunciou após sete anos no cargo, ainda é a líder partidária que suscita maior confiança dos eleitores para se manter no cargo, com 55% de opiniões positivas, muito à frente do seu rival conservador dos Moderados, Ulf Kristersson (32%), mas os analistas anteveem que os resultados das eleições resultem em negociações longas e dificeis para a formação de um Governo.

As eleições anteriores, em 2018, conduziram a uma longa crise política, com quatro meses para formar um governo minoritário liderado pelos sociais-democratas.

A Suécia, que está num processo de adesão à NATO e que assumirá a presidência rotativa do Conselho da União Europeia em 1 de janeiro, é governada desde 2014 pelos sociais-democratas, o principal partido do país desde a década de 1930.