Moscovo congela inspecções dos EUA aos arsenais nucleares russos
Mosocovo anunciou hoje um congelamento das inspeções norte-americanas aos seus arsenais nucleares previstas num tratado fundamental de controlo de armas, alegando que as sanções ocidentais têm dificultado visitas semelhantes às instalações norte-americanas por parte de monitores russos.
A medida reflete o aumento das tensões entre Moscovo e Washington sobre a ação militar da Rússia na Ucrânia e marca a primeira vez que o Kremlin suspende as inspeções dos EUA ao abrigo do tratado de controlo de armas nucleares New START.
Ao declarar o congelamento das inspeções dos EUA, o ministério dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que as sanções impostas pelos EUA e aliados aos voos russos, as restrições de vistos e outros obstáculos tornaram efetivamente impossível a visita de peritos militares russos aos locais de armamento nuclear norte-americano, dando a Washington "vantagens unilaterais".
Moscovo afirmou que os inspetores dos EUA não enfrentaram tais dificuldades, embora a Rússia tenha fechado o seu espaço aéreo aos 27 Estados da União Europeia, ao Reino Unido e ao Canadá - embora não aos EUA - após o início do conflito na Ucrânia, no final de fevereiro. A Rússia disse na altura que seriam abertas exceções para as missões diplomáticas e entregas de ajuda humanitária.
O ministério dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que o congelamento é temporário e permitido pelo pacto "em casos excecionais".
Observou que a Rússia "valoriza muito" o tratado, acrescentando que as inspeções poderiam ser retomadas após a resolução dos problemas que as dificultam.
"A Rússia está totalmente empenhada em cumprir todas as disposições do New START, que consideramos um instrumento crucial para a manutenção da segurança e estabilidade internacionais", afirmou o ministério, que pede um "estudo aprofundado de todos os problemas existentes nesta área, cuja resolução bem sucedida permitiria o regresso à aplicação em larga escala, o mais rapidamente possível, de todos os mecanismos de verificação do tratado".
"Depois de resolvidos os problemas relativos ao reinício das atividades de inspeção ao abrigo do tratado, levantaremos imediatamente as isenções das atividades de inspeção que anunciámos", disse o ministério.
Assinado em 2010 pelos então presidentes norte-americano Barack Obama e russo Dmitry Medvedev, o acordo limita cada país a um máximo de 1.550 ogivas nucleares colocadas e 700 mísseis e bombardeiros colocados, e prevê inspeções no local para verificar a conformidade.
Poucos dias antes de o New START expirar em fevereiro de 2021, a Rússia e os Estados Unidos concordaram em prorrogá-lo por mais cinco anos.