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ONU pede mais 2.000 milhões de dólares em doações para ajuda humanitária

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Foto EPA

As Nações Unidas pediram esta segunda-feira mais 2.000 milhões de dólares de fundos para ajuda humanitária à Ucrânia, elevando o total solicitado aos doadores para os 4.300 milhões de dólares, por temerem um inverno muito difícil.

Segundo o organismo, o aumento corresponde ao agravamento da situação no país e à perspetiva de um inverno muito difícil, devido à destruição de habitações e à falta de acesso a gás e eletricidade em muitos locais, em consequência dos danos em infraestruturas.

No total, as Nações Unidas estimam que pelo menos 17,7 milhões de pessoas - mais de um quarto da população da Ucrânia -- necessitarão de ajuda humanitária nos próximos meses.

A nova estimativa representam mais dois milhões de pessoas que, segundo a coordenadora humanitária da ONU no país, Denise Brown, podem necessitar de ajuda quando o frio chegar.

"Tememos que seja ainda pior durante o inverno, pois é provável que mais pessoas se mudem de áreas onde não têm acesso a gás, combustível ou eletricidade para aquecer as suas casas", alertou Brown em comunicado.

Até agora, os doadores forneceram 2.380 milhões de dólares para fornecer assistência humanitária à Ucrânia, um apoio "sem precedentes", segundo a ONU, que incentivou a comunidade internacional a continuar a apoiar a população do país que enfrenta uma invasão russa.

Além disso, as Nações Unidas exigiram novamente, às partes em conflito, o acesso seguro e sem obstáculos para os trabalhadores humanitários.

"Desde o início da guerra, o acesso tem sido extremamente difícil em áreas fora do controlo do governo da Ucrânia", destacou Brown, que lembrou que as partes, de acordo com o direito internacional humanitário, têm a obrigação de garantir que o apoio possa ser dado a todos os civis necessitados.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

A ONU confirmou que 5.401 civis morreram e 7.466 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 166.º dia, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.