Economia nocturna

A Câmara Municipal do Funchal persegue o objectivo de obrigar a actividade noturna a encerrar mais cedo. Não é a primeira vez que acontece e tem havido diferentes horários de funcionamento ao longo do tempo.

Mas, que se conheça, não existe um único estudo técnico, sério e competente, que esclareça a realidade da vida nocturna.

Tenho para mim que este é um momento pouco apropriado para se abordar a questão. Deixar as empresas e os empresários aguentarem financeiramente todo o tempo “covid” para agora condenarem os negócios ao definhamento então tinha sido mais sério avisar antes do confinamento geral, pois assim tinham-se encerrado as empresas e despedido os trabalhadores. Para quê suportar todos os custos e riscos para agora serem asfixiados?

Não é razoável ! Isto não pode ser por impulso !

O lógico é se realizar um estudo a sério e definir um caminho ao longo de três ou quatro anos. Todos os anos se inovava já previamente conhecedores do que aí vinha. Dava tempo para novos investimentos, desinvestimentos, adaptações, etc.. todos os “stake-holders” - empresários, trabalhadores, fornecedores, artistas, etc. - tomarem as suas precauções e darem os passos preparatórios.

Esta Câmara laranja tem tempo para planear e executar. Vai perdurar a sua gestão. Não deve precipitar decisões sobre temas muito antigos e que nunca se chegou a um consenso geral.

Para mim as quatro horas da manhã é tarde para quem se quer deitar cedo e cedo para quem se quer deitar tarde e perder a noite.

Mas há um trabalho no urbanismo para ser pensado e feito. Tudo isto é complexo. Não se podem autorizar estabelecimentos nocturnos e não querer ninguém nas ruas. Principalmente nos horários de encerramento. Por isso há quem defenda que o encerramento é perturbador para a via pública. Manter os espaços abertos continuamente não cria qualquer onda de ruído de pessoas. Cada um sai na sua hora.

Miguel Sousa