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Autonomia ou Antonímia?

Autonomia refere-se à capacidade de não depender de outro. Bem diferente é a realidade da antonímia. Antonímia tem a ver com o que é contrário ou oposto ao de outro.

Como a vida o demonstra, a Autonomia, como regime político administrativo próprio dos Açores e da Madeira, tem sido um instrumento ao serviço de uns, muito poucos, para provocar desigualdades, para gerar diferenças, no prolongar de contraposições económicas e sociais.

Na Madeira há uma realidade indesmentível: crescem as desigualdades sociais, agrava-se a injustiça social, e a vida é cada vez mais aflitiva para quem é trabalhador, a vida é cada vez mais sufocante para o povo.

O agravamento do custo de vida, com a especulação e uma generalizada subida dos preços dos bens e serviços essenciais, que se verificou a partir do segundo semestre de 2021 e que se acentua ao longo de 2022, tem vindo a traduzir-se na erosão do valor real dos salários, das reformas e pensões, e no disparar dos lucros dos grupos económicos que dominam a economia. É neste contraste, entre o empobrecimento da larga maioria da população e o aumento da riqueza acumulada por uma ínfima minoria, que se configura a “Antonímia”.

Na Madeira agudiza-se a “Antonímia”. Através do agravamento da exploração e da precariedade laboral, cresce a mão de obra escrava. Neste momento, a mão de obra escrava na hotelaria da Madeira e do Porto Santo faz com que graves problemas laborais constituam um grande problema de Direitos Humanos. Há trabalhadores recrutados para a hotelaria a qualquer preço, sem o respeito por direitos fundamentais. Nalguns casos, há trabalhadores em unidades hoteleiras, nalguns casos emigrantes, obrigados a um alojamento em condições infra-humanas, a quem é descontado do ordenado a dormida e a refeição, com horários completamente desregulados, com vínculos precários e sem que os seus salários estejam minimamente conformes com as determinações da contratação coletiva do sector. Esses trabalhadores são mão de obra escrava que é explorada sem o mínimo respeito por direitos básicos.

Importa dizer que é possível uma alternativa à “Antonímia”. É possível fazer com que a Autonomia esteja ao serviço da Justiça Social, ao contrário do que hoje acontece.