Crónicas

O almoço

De Marcelo com Bolsonaro, cancelado pelo presidente brasileiro. Agendou compromissos com Lula, o provável sucessor, com Temer e F.H. Cardoso. Este sim, político de outra dimensão. Segundo o argumento utilizado para justificar as audiências apresentou o facto de estes terem sido os mais recentes chefes de Estado. Então, esqueceu-se de Dilma. E ninguém lhe perguntou porquê. Calculo que pelo escasso relacionamento que manteve com o nosso país.

É de muito mau tom, mal-educado mesmo, chantagear o homólogo português com a perda de um almoço para o qual havia sido convidado por quem agora desconvida, porque se ia encontrar com um dos seus adversários nas próximas eleições presidenciais.

A ter em conta as sondagens, Lula vai muito à frente deste inusitado inquilino dos palácios em Brasília que, repetidamente, não mostra suficientes qualificações para o alto cargo que desempenha. E, acreditando na credibilidade das referidas consultas populares, sê-lo-á por pouco tempo. Daí Marcelo desvalorizar, e bem, a anulação gastronómica e manter as reuniões com os restantes.

Acrescentou, habilmente, que pode haver diferenças robustas entre as duas nações como por exemplo, “nós somos a favor da Ucrânia, o Brasil não”, mas partilhar ou não um almoço já não é relevante. Importante é o excelente relacionamento entre os dois povos, atestado pelos 250.000 brasileiros que residem em Portugal e os mais de um milhão de portugueses que escolheram aquele país sul-americano para viver.

Esquivou-se com astúcia e desvalorizou o incidente. Quanto ao almoço, para o qual foi desconvidado, é caso para dizer que refeições haverá muitas e para partilhar com melhores companhias. Sobretudo no Brasil.