A Guerra Mundo

Kiev começou a receber corpos de soldados da fábrica Azovstal

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Foto EPA

A Rússia começou a entregar os corpos de combatentes ucranianos mortos na fábrica Azovstal, a siderúrgica que serviu de fortaleza na cidade destruída de Mariupol, símbolo de resistência contra a invasão russa.

De acordo com as Masksym Zhorin, comandante militar e ex-líder do regimento Azov, dezenas de corpos de combatentes recuperados das ruínas da fábrica Azovstal, agora ocupada pelos russos, foram transferidos para a capital ucraniana, onde estão em curso testes de ADN, para identificar os restos mortais.

O regimento Azov estava entre as unidades ucranianas que defenderam a fábrica durante quase três meses, antes de se render.

Não se sabe quantos corpos ainda estarão na fábrica, que foi fortemente bombardeada pelas forças russas.

A defesa obstinada dos combatentes da siderúrgica frustrou o objetivo do Kremlin de capturar rapidamente Mariupol e reteve as forças russas nesta cidade portuária estratégica.

Os mais de 2.400 combatentes defensores foram saudados como heróis pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, que salientou a sua valentia e capacidade de resistência.

A recuperação dos restos mortais dos combatentes das ruínas de Azovstal não foi anunciada pelo Governo ucraniano, mas familiares de soldados mortos na fábrica admitiram este processo à agência noticiosa Associated Press.

O Ministério da Reintegração dos Territórios Ocupados do Governo ucraniano anunciou no sábado a primeira troca oficialmente confirmada de cadáveres de militares desde o início da guerra, com os dois lados a trocarem 320 corpos, no total (160 para cada lado).

A troca ocorreu na quinta-feira, na linha de frente na região de Zaporijia, no sul da Ucrânia, onde os russos controlam parte do território.

O regimento Avoz é uma unidade da Guarda Nacional que surgiu de um grupo chamado Batalhão Azov, formado em 2014 como uma das muitas brigadas voluntárias que emergiram para combater os separatistas apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia.

O Batalhão Azov atraiu combatentes de círculos de extrema-direita, o que foi aproveitado por Moscovo para legitimar a sua tese de procurar "desnazificar" o regime de Kiev.

Zhorin, o ex-líder do Regimento Azov que agora comanda uma unidade militar baseada em Kiev, confirmou que corpos de combatentes recuperados de Azovstal estavam entre os restos mortais trocados entre os dois países em conflito.

O irmão de um combatente Azov desaparecido, e temido morto na siderúrgica, disse que pelo menos dois camiões com corpos de Azovstal foram transferidos para um hospital militar em Kiev, para identificação.

Viacheslav Drofa disse que os restos mortais do seu irmão mais velho, Dmitry Lisen, não parecem estar entre os recuperados até agora.

A mãe de um soldado morto durante um ataque aéreo russo à fábrica disse que recebeu um telefonema do regimento Azov para a informarem que o corpo do seu filho pode estar entre os que foram transferidos para Kiev.

"Estou apenas à espera do corpo do meu filho. É importante para mim enterrá-lo na nossa terra ucraniana", disse a mãe.