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UE e Vaticano condenam ataque a igreja que fez mais de 50 mortos na Nigéria

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Foto iStock

A União Europeia (UE) e o Vaticano condenaram hoje o ataque armado contra uma igreja católica no estado de Ondo, no sudoeste da Nigéria, e manifestaram a sua comoção pela morte de mais de 50 pessoas.

"A União Europeia está comovida e condena este ataque armado de domingo contra paroquianos em Owo, estado de Ondo, no sudoeste da Nigéria, no qual morreram dezenas de fiéis indefesos", disse o alto representante da União Europeia para os Assuntos Externos, Josep Borrell, num comunicado citado pela agência Efe.

Estes ataques "inaceitáveis de grupos armados não estatais estão a tornar-se recorrentes em várias partes da Nigéria e a violência sem sentido agora estendeu-se ao estado até agora pacífico de Ondo", disse Borrell.

"A UE solidariza-se com o povo do estado de Ondo e, em particular, com as famílias que perderam os seus entes queridos, os responsáveis deste ato desprezível devem ser levados rapidamente perante a justiça", acrescentou o chefe da diplomacia europeia, concluindo com a garantia de que os 27 continuam empenhados em trabalhar com as autoridades nigerianas "para deter esta espiral de violência e encontrar uma solução duradoura".

Noutro comunicado, o Papa disse estar "profundamente entristecido" pelo "horrendo ataque" de domingo.

"O Papa Francisco ficou profundamente entristecido ao saber do horrível ataque à Igreja de São Francisco, em Owo", escreveu o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, o segundo no comando do Vaticano, num telegrama enviado ao bispo de Ondo.

O Papa assegura "a todos os afetados por este ato de violência indescritível, a sua proximidade espiritual", e promete invocar "as bênçãos divinas do conforto e da força" para os fiéis da diocese afetada por esta tragédia.

Mais de 50 pessoas foram mortas no ataque realizado no domingo por homens armados contra uma igreja católica no estado de Ondo, no sudoeste da Nigéria, revelou hoje o Conselho de Leigos Católicos do país africano.

O massacre ocorreu pela manhã na cidade de Owo, na paróquia de São Francisco.

"Mais de 50 paroquianos da Igreja Católica de São Francisco, em Owo, estado de Ondo, foram mortos por homens armados que se suspeita sejam bandidos", disse o presidente nacional do Conselho de Leigos Católicos da Nigéria, Henry Yunkwap, em comunicado.

Yunkwap disse que estava a falar na qualidade de "presidente de todos os leigos católicos aos quais pertencem as mais de 50 vítimas", e condenou o que classificou de "ato bárbaro realizado por animais em forma humana".

"O crime cometido pelos mortos foi apenas dois: um, eles eram cristãos e, segundo, porque estavam na igreja no domingo adorando a Deus", acrescentou.

Yunkwap exigiu "ação e a prisão urgente e julgamento dos perpetradores do ato maligno".

O deputado Oluwole Ogunmolasuyi, eleito pelo estado de Ondo, citado pelo jornal nigeriano The Premium Times, disse que o número de vítimas mortais poderá ser entre 70 e 100.

O ataque, considerado como "hediondo assassínios de fiéis" pelo Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, e que não foi reivindicado, também provocou vários feridos, de acordo com as autoridades locais.

Segundo as mesmas fontes, foram mobilizadas forças de segurança para localizar os atacantes, cujas identidades são ainda desconhecidas.

Em comunicado, a organização internacional Aid to the Church in Need (ACN, na sigla em inglês), através do seu secretariado português, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (Fundação AIS), denunciou a "brutalidade do ataque" e manifesta-se "profundamente chocada".

A segurança continua a ser um grande desafio no país mais populoso e maior economia de África. No entanto, Ondo tem sido até agora uma região considerada relativamente pacífica, em comparação com outras regiões da Nigéria que se debatem com a insegurança e o extremismo islâmico.

Os ataques a sítios religiosos são frequentes na Nigéria, onde as tensões por vezes se fazem sentir entre comunidades de um país com o sul predominantemente cristão e o norte predominantemente muçulmano.

Soma-se a essa insegurança a ameaça extremista islâmica que assola o nordeste do país desde 2009, causada pelo grupo Boko Haram e, desde 2015, pela sua fação Estado Islâmico na Província da África Ocidental (Iswap, na sigla em inglês).