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Sector dos serviços na China cai para nível mais baixo desde início da pandemia

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A atividade no setor dos serviços da China caiu em abril para o nível mais fraco desde o início da pandemia, segundo um indicador elaborado pelo setor privado, refletindo o impacto das medidas antiepidémicas.

Os dados aumentam a evidência de que a economia da China desacelerou acentuadamente, no mês passado, quando as autoridades impuseram amplas restrições nas principais cidades do país, incluindo em Xangai e Pequim.

Uma outra pesquisa, que abrangeu quase 400 empresas europeias que operam na China, concluiu que pouco menos de um quarto está a reconsiderar os planos de investimento no país, já que as medidas restritivas para combater a propagação da covid-19 atingiram as suas cadeias de fornecimento, funcionários e receitas.

Economistas dizem que, sem uma flexibilização da abordagem, que inclui o confinamento de cidades inteiras, a economia pode contrair no segundo trimestre, pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2020, quando a China enfrentou o surto inicial do novo coronavírus.

A China registou 4.848 novos casos de covid-19, nas últimas 24 horas, entre os quais 4.466 foram detetados em Xangai e 50 em Pequim. Houve 13 mortes ligadas à doença, todas em Xangai.

O Índice de Gestores de Compras, elaborado em conjunto pela publicação económica Caixin e o grupo Markit, caiu para 36,2 pontos, em abril, depois de se ter fixado em 42 pontos, em março, à medida que as restrições foram impostas em várias cidades, estrangulando a procura em vários serviços.

Neste indicador, uma marca acima dos 50 pontos implica expansão e, abaixo, uma contração.

Em fevereiro de 2020, o índice caiu para o nível mais baixo desde que há registo, fixando-se então em 26,5 pontos.

Em abril, as autoridades colocaram toda a província de Jilin, no nordeste, e dezenas de cidades -- incluindo Xangai, a "capital" financeira do país, com 25 milhões de pessoas -- sob semanas de bloqueio.

Os indicadores oficiais de atividade na indústria e serviços, publicados no sábado, registaram quedas igualmente acentuadas.

A produção fabril desacelerou ou, em alguns casos, foi interrompida, em regiões sob bloqueio.

Uma segunda pesquisa, também publicada hoje pela Câmara de Comércio da União Europeia na China, concluiu que 23% das empresas inquiridas estão a reconsiderar os seus investimentos atuais ou planeados na China - mais do dobro, face a janeiro de 2022.

Entre os entrevistados, 60% disseram esperar que as receitas deste ano fiquem abaixo das projeções. Mais de 90% disse ter sido atingida por interrupções nas cadeias de fornecimento, já que as restrições resultaram no encerramento de fábricas e interromperam os serviços logísticos.

"A previsibilidade do mercado chinês acabou", disse Jörg Wuttke, presidente da câmara da UE, em conferência de imprensa.

Wuttke acrescentou que espera que a pesquisa estimule as autoridades chinesas a definir uma estratégia de saída para a sua abordagem de 'tolerância zero' à doença.

A pesquisa foi realizada no final de abril.