A Guerra Mundo

Maduro diz que Venezuela vai manter nível comercial com a Rússia

Foto EPA/Miraflores Press
Foto EPA/Miraflores Press

O Presidente da Venezuela acusou hoje os Estados Unidos e a NATO de quererem cercar militarmente a Rússia e anunciou que vai manter o atual nível comercial com Moscovo.

"Agora que o Ocidente entrou em histeria, desespero e loucura contra a Rússia, vamos manter as nossas relações comerciais com a Rússia e estamos prontos para vender-lhes tudo o que pudermos", afirmou Nicolás Maduro, durante um evento transmitido pela televisão estatal venezuelana.

Para Maduro, "a guerra económica é a principal guerra que o imperialismo está a travar contra a Rússia", uma "potência militar, económica, comercial e tecnológica muito, muito avançada" para destruir o país.

O "objetivo do império norte-americano e da NATO era cercar militarmente a Rússia", em violação de "todos os acordos assinados, discursos, ofertas, promessas e, agora, a Ucrânia tinha anunciado que iria adquirir armas nucleares", disse.

O Presidente da Venezuela adiantou ter mantido uma conversa telefónica com o homólogo russo, Vladimir Putin, "num espírito de amizade e irmandade". De Putin ouviu explicações amplas sobre a operação militar especial russa e "todas as ameaças contra a Rússia", acrescentou.

"Notei, no Presidente Putin, serenidade, sabedoria, fortaleza moral e disse-lhe que a Venezuela, um país pequeno, tem resistido a uma guerra económica brutal (...) as mesmas medidas que os EUA e a Europa anunciam contra a Rússia, foram aplicadas à Venezuela em 2018, 2019, 2020 e 2021 e a Venezuela está de pé, vitoriosa, a recuperar, a produzir, a construir e a avançar", sublinhou Maduro.

O Presidente venezuelano defendeu que "estas guerras económicas, as ameaças, a guerra mediática brutal da mentira e as campanhas tendenciosas têm que acabar".

"Nós também a enfrentámos. Derrotámos toda a guerra mediática e comunicacional das 'fake news'", frisou.

Maduro disse que os russos estão a ser alvo de xenofobia, racismo, perseguição e violação dos Direitos Humanos, e condenou as sanções económicas e campanhas contra a Rússia, defendendo o direito do povo russo à liberdade económica.

A NATO e os EUA "provocaram a Rússia" e também "um conflito muito perigoso", salientou o Presidente venezuelano, que garantiu "apoiar fortemente as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia e aspirar a resultados favoráveis que restaurem a paz e a tranquilidade naquela região".

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.