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Política de rendimentos para 2022 marca 'rentrée' das centrais sindicais

Foto Shutterstock
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A definição da política de rendimentos para 2022 vai marcar o regresso das centrais à atividade sindical, após o período de férias, com a CGTP a definir hoje o referencial para os aumentos salariais, que deverá rondar os 100 euros.

Embora nos últimos anos a atividade sindical não tenha parado completamente no mês de agosto, devido a grandes despedimentos coletivos em curso ou outros processos de luta sem tréguas, a CGTP e a UGT interromperam, como habitualmente, a atividade principal dos seus órgãos, permitindo algumas semanas de férias aos seus dirigentes.

Como tem sido tradição, as duas centrais regressam ao ativo no principio de setembro, marcando o inicio de mais um ano sindical com a aprovação do caderno reivindicativo que irá servir de orientação aos seus sindicatos na contratação coletiva.

A CGTP antecipou-se à UGT e realizou a primeira reunião da sua comissão executiva no dia 30 de agosto para desenhar a proposta de política de rendimentos que os membros do Conselho Nacional vão discutir ao longo do dia de hoje.

O documento que for aprovado elencará todas as reivindicações pelas quais a Intersindical e os seus sindicatos se vão bater, em particular o valor que servirá de referencial para os aumentos salariais a negociar nos próximos meses.

Dado que a decisão final é do Conselho Nacional, os dirigentes contactados pela agência Lusa escusaram-se a adiantar valores.

Mas uma das fontes contactadas disse que o valor a reivindicar nunca será inferior ao do ano passado, devendo até ser superior.

No caderno reivindicativo aprovado há um ano a CGTP reivindicava para 2021 aumentos salariais de 90 euros para todos os trabalhadores e um salário mínimo de 850 euros.

Por isso, o referencial para 2022 deverá rondar os 100 euros.

Sem falar em números, a secretária-geral da Inter, Isabel Camarinha, disse à agência Lusa que "é preciso aumentar significativamente os salários dos trabalhadores" para contrariar o modelo de baixos salários.

"O modelo de baixos salários precisa de um choque. Não chega um aumento no valor da inflação", disse, acrescentando que é preciso investir nos salários dos trabalhadores e nas suas carreiras, o que não tem acontecido.

O combate à precariedade, o respeito pelos direitos laborais e a redução dos horários de trabalho serão outras das reivindicações a aprovar.

Isabel Camarinha defendeu ainda a necessidade de o Governo travar os despedimentos coletivos em curso, "mesmo os que estão disfarçados de rescisões por acordo e que estão a destruir milhares de postos de trabalho".

"No fundo as nossas reivindicações não são mais do que as respostas para os problemas dos trabalhadores, que continuam a ser ignorados", disse a sindicalista.

A UGT vai aprovar a sua política reivindicativa para 2022 no dia 16 de setembro, numa reunião do seu Secretariado Nacional.

O grupo de trabalho da contratação coletiva, que integra os sindicatos da UGT mais envolvidos na negociação, vai reunir-se na sexta-feira para definir uma proposta para levar à discussão no Secretariado Nacional.

As reivindicações da UGT não deverão ser muito diferentes da CGTP, defendendo também a valorização dos salários, o combate à precariedade, uma política fiscal mais justa e a conciliação da vida profissional com a vida pessoal.

Um elemento do grupo de trabalho disse à Lusa que vão defender que se volte à discussão, na concertação social, do documento sobre valorização salarial que, com a pandemia da covid-19, ficou congelado.

No ano passado a UGT reivindicou aumentos salariais entre 1,5% e 3%, com um aumento mínimo de 35 euros.

Vários dirigentes da UGT confirmaram que o modelo do intervalo deverá também ser seguido este ano para o referencial salarial, tal como o do aumento nominal mínimo.