O que levamos daqui?

A resposta é absolutamente nada, por mais incrível que pareça depois de tanto suor garra e lágrimas não nos resta nada. Lutamos contra a maré todos os dias ao acordar, contra a inércia da vida contra o atrito do tédio, suplicando por um solitário ramo de árvore que evite a queda.

Ao longo dos anos, embora ainda seja muito novo, cheguei á triste conclusão que ser inteligente é uma sina. O olhar penetrante que vê para lá da fachada que a sociedade monta para ser feliz e se enganar, é também a maior sentença que o humano enfrenta. Os ignorantes vivem e bailam nessa fachada e os inteligentes criticam porque no fundo só queriam ser como eles, uma inveja cega, uma inveja triste que revela mais de si do que dos outros.

Acredito que de facto a fé, o acreditar em algo superior, foi a maior invenção para cobrir a nossa maior falha, precisamos de acreditar em algo. Porque senão somos apenas um conjunto de órgãos dentro de um saco de pele sem propósito absolutamente nenhum. Criámos um deus superior única e simplesmente para não vivermos revoltados com a ineficácia da justiça humana, por isso tudo o que a justiça humana não resolve adequadamente metemos no saco do divino dizendo que “nosso senhor vai-lhe castigar”.

Não sou inimigo da fé, aliás admiro quem a tem, se é que é algo que se possa ter. Faz-nos bem dá-nos força, mas o problema é que não consigo acreditar é complicado, tento explicar, mas não consigo. Por isso como invejoso que sou limito-me a criticar de longe porque só queria ser como os outros.

Marco Estrela