"O Governo da República não contribuiu em nada" para a superação da crise na Madeira
Acusação é do secretário-geral do PSD-Madeira e surge em reacção à intervenção de António Costa no Funchal
Na apreciação crítica ao que aconteceu no Centro de Congressos da Madeira, José Prada também critica o presidente da CMF, Miguel Silva Gouveia
Foi sem perder tempo. Pouco depois de António Costa acabar de falar ao militantes socialistas, no Centro de Congressos da Madeira, para apresentar a moção de estratégia global, com que se apresenta ao XVIII Congresso socialista, José Prada recorria ao Facebook para criticar arduamente o dirigente do PS e Primeiro-ministro.
O secretário-geral do social-democratas madeirenses usa palavras como "desfaçatez", "mentiras" e "piada", entre várias outras. Conclui José Prada que "o Governo da República que lidera não contribuiu em nada – e repito, em nada – para que a Madeira e os Madeirenses superassem essa crise".
Mas as críticas do PSD não se ficam por Costa. Abrangem também o presidente da CMF, que se recandidata ao cargo e que interveio no acto de apresentação da moção de António Costa. Só Paulo Cafôfo, que também interveio, não foi alvejado.
Eis, na íntegra, as palavras de José Prada. "Basta pegar em dois ou três exemplos da sua intervenção há pouco, apoteótica por sinal, que podia ter sido feita aqui, nos Açores, em Lisboa ou no Porto. Ou noutro lado qualquer. A questão é que nada do que disse corresponde, na prática, ao que foi a sua postura ao longo do último ano e meio, para com a Madeira. E não, não venham dizer que é por culpa do Governo Regional porque esse, ao menos, esteve presente e soube ajudar quando a população mais precisava. E continua a ajudar, indo mais além das frases feitas ou dos chavões que não passam disso mesmo."
"É importante para António Costa falar da recuperação social e económica que se impõe e dos grandes desafios que o País enfrenta depois da pandemia. O que é estranho é falar dessa mesma recuperação, com emoção à mistura, sabendo que o Governo da República que lidera não contribuiu em nada – e repito, em nada – para que a Madeira e os Madeirenses superassem essa crise. Aliás, nem fez nem deixou fazer, como estamos todos recordados."
"Também tem piada afirmar 'que o Plano de Recuperação e Resiliência é uma oportunidade única para o País' superar a crise e enfrentar os desafios. Pois, o mesmo Plano que não se dignou a ouvir a Madeira – que apenas se fez ouvir, por sua vontade, na fase de consulta pública – nem as autarquias da Região. Teria sido uma oportunidade única se António Costa tivesse sido capaz de despir a sua faceta de secretário-geral do PS quando estava no papel de Primeiro-ministro, ai sim teria sido eventualmente justo para com todos os portugueses, incluindo os que vivem nas ilhas."
"E também é caricato ver António Costa afirmar 'que a Madeira e os Açores não podem ser esquecidos no nosso processo de desenvolvimento'. Mas será que alguma vez se lembrou da Madeira neste último ano? Será que não percebe que os Madeirenses estão cansados de ser lembrados apenas e só em tempo de eleições? Assim de repente fez lembrar o discurso de 2019, em Machico, em que prometeu mundos e fundos para ganhar eleições. Nem ganhou nem nada fez e já estamos em 2021."
"A isto, apenas acresce 'o orgulho”' que houve quem defendesse naquilo que é feito na Região – a mesma Região que se esquece de defender perante um Governo da República que age contra ela – e as queixas de violência doméstica expressas por um autarca que, sem saber muito bem o que fazer – porque muito pouco fez do que lhe competia, até agora – só lhe resta a vitimização."
A referência à violência doméstica vai directa para Miguel Silva Gouveia, pois foi essa a queixa do presidente da CMF, alegando que quem a comete é o governo regional, da coligação PSD-CDS.