A direita e a austeridade
Nos últimos tempos, tenho lido uma série de atrocidades escritas pelo leitor Vítor Colaço Santos, especialmente na sua carta publicada no dia 31 de maio. O leitor em questão refere-se aos partidos da direita como defensores da austeridade e referiu que “quando Passos Coelho desgovernou disse que íamos empobrecer, para ficarmos ricos”.
Isto revela uma enorme falta de noção da realidade. António Costa e os seus camaradas criaram toda uma retórica que “colou” Passos Coelho à troika e às políticas de austeridade, quando sabemos (ou devíamos saber) que o FMI chegou a Portugal como consequência de vários anos de uma governação socialista desastrosa. Uma das frases mais proferidas pelo caríssimo primeiro-ministro foi que o PS e os seus parceiros de esquerda “viraram a página da austeridade”. Ora, no ano de 2020 foi estabelecido um novo recorde da carga fiscal em Portugal, situando-se nos 34,8% do PIB. Parece que cada vez que António Costa vira a página da austeridade a carga fiscal aumenta, e os portugueses (principalmente a classe média) ficam mais sufocados em impostos. Impostos esses que servem para “alimentar” um Estado cada vez maior e mais gastador, até ao ponto em que se torna insustentável e ficamos numa situação de bancarrota. É fazer sempre o mesmo e esperar um resultado diferente… Esse é o ciclo da nossa economia, que tivemos a oportunidade de quebrar em 2015, mas infelizmente os portugueses deixaram-se seduzir pelos delírios socialistas.
Pergunto ao leitor, como resolver o problema da dívida pública de Portugal com uma política assente numa ideologia despesista? A típica resposta da esquerda é que é preciso reestruturar a dívida. Uma resposta muito abstrata e simplista para um problema complexo, típico de partidos populistas e políticos demagogos. Qual é o credor que aceita reestruturar uma dívida, quando vê o devedor constantemente a gastar mais do que tem? Nenhum. Outra opção seria (mais uma vez!) implorar ao BCE por ajuda e convencê-los a comprar mais um pouco da nossa dívida… Mas até quando irá a UE tolerar os sucessivos abusos por parte do governo português? Para terem noção a carteira de dívida portuguesa no BCE supera os 50 mil milhões de euros! Até já foi sugerido pelo Bloco de esquerda dar calote na dívida, o que seria para rir, até nos lembrarmos que este partido tem representação parlamentar. Obviamente que perder a confiança dos credores seria dar a “machadada final” na nossa economia.
O melhor programa de governo é ser o menos omnipresente possível na vida das pessoas, com um Estado o menos interventivo possível, de forma a ser sustentável sem sufocar os portugueses em impostos! Um Estado não serve para “dar” coisas, mas sim para gerir a vida em sociedade. Subsídios e outros apoios estatais incentivam a falta de esforço, que resultam em problemas de produtividade. Sem aumentar a produtividade é impossível aumentar salários. Todas as propostas da esquerda de aumentar o salário mínimo ou reduzir as horas de trabalho, teriam como resultado um aumento do desemprego, aumento da precariedade e desvalorização do salário médio, ou seja, “indigência social” e “ofensiva contra os trabalhadores”, curiosamente palavras usadas pelo leitor Vítor Colaço para descrever o sistema capitalista…
J. C.