Longe de mais, caro de mais e sem retorno

Nos últimos 50 anos foram investidos em missões a Marte e no projeto da Estação Espacial Internacional 195 mil milhões de euros (195MM). Os entusiastas desta espécie de “Star Wars” alegarão que tais valores representam uma “ninharia” per capita para os contribuintes dos países envolvidos e porão a tónica num eventual progresso científico daí decorrente. Contudo a conclusão a que se chega é que o retorno científico foi mínimo em função dos montantes investidos e das expetativas criadas em virtude desses programas espaciais serem desenvolvidos numa lógica de propaganda política e desenvolvimento tecnológico de armas cada vez mais sofisticadas, descurando o progresso científico curial para resolver os problemas da humanidade. Põe-se a questão e se os 195MM tivessem sido aplicados em programas científicos para estudar e pôr em prática soluções para os gravíssimos problemas ambientais que nos afetam, não lá longe em Marte, mas aqui bem perto na Terra? As fotos de Marte enviadas pelo Perseverance mostraram-nos o que já era expetável uma paisagem árida, inóspita e inabitável, apenas comparável e para pior aos nossos desertos mais áridos. Um desperdício de recursos para ir tão longe visitar um deserto quando os temos aqui tão perto e quando esses mesmos recursos poderiam e deveriam ser aplicados na preservação da maravilhosa e rica diversidade de vida do nosso Planeta e das suas paisagens deslumbrantes. São as alterações climáticas, a poluição química e dos plásticos que assola os oceanos e está a exterminar recursos alimentares fundamentais para a humanidade. Se continuarmos a não dar prioridade máxima e alocar os recursos necessários para preservar o AMBIENTE e a VIDA na TERRA, apesar de tudo ainda maravilhosa, não será preciso ir a Marte para ver um deserto, bastará olhar à nossa volta. Ir a Marte resolver os seus “mistérios” antes de resolver a nossa sobrevivência na Terra, é ir longe de mais, caro de mais e sem retorno.

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