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CNE defende que objectivos para a transição climática também passem pelo ensino

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O Conselho Nacional de Educação (CNE) defende que a dimensão da transição climática do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) também passe pelo ensino, com medidas de educação ambiental.

"O PRR não prevê, por exemplo, medidas de educação ambiental no âmbito da transição climática", lê-se no parecer hoje divulgado daquele órgão consultivo do Ministério da Educação, que propõe que a transição climática, umas das principais dimensões do plano, também passe pelo ensino.

Em concreto, o CNE propõe a "inclusão da dimensão de formação de jovens e adultos na dimensão da transição climática, visando a compreensão, a sensibilização e o desenvolvimento de atitudes que contribuam para o processo de preservação ambiental".

Esta é uma das várias recomendações do conselho, que avalia positivamente a proposta do Governo, mas considera que, não sendo o PRR o único instrumento financeiro, é necessário "concretizar uma visão integrada que possa ser traduzida num plano de ação que contemple o contributo dos diferentes instrumentos".

Além do reforço da educação ambiental, o CNE propõe que os currículos e as formas de ensino sejam adaptados aos novos paradigmas da sociedade do conhecimento e da informação e isso passará, por exemplo, por produzir novos conteúdos "numa ótica inicial de 'design' de um produto digital".

Por outro lado, acrescenta o documento, promover o ensino-aprendizagem nas chamadas áreas STEAM (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática), valorizar as dimensões criativa e artística, humanista e desportiva e desenvolver competências digitais enquadradas numa formação crítica, criativa e responsável do seu uso.

Para os professores, o conselho recomenda o desenvolvimento de um programa de formação contínua que não se limite ao desenvolvimento de competências tecnológicas, mas esteja também alicerçado num acompanhamento em contexto de trabalho.

"No que se refere à formação de professores, o PRR prevê algumas medidas, mas estas são essencialmente dirigidas para a tecnologia digital e aspetos conexos. Não é equacionada uma das questões de fundo: A possibilidade de dentro de alguns anos o país ser confrontado com a falta de professores e as dificuldades que daí resultarão", refere o documento.

No âmbito da transição digital nas escolas, para o qual o Governo reserva um investimento total de 559 milhões de euros, a CNE propõe que também o ensino superior esteja incluído e que as medidas de desenvolvimento de competências sejam alargadas aos pais.

O PRR, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, esteve até segunda-feira em consulta pública e prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.