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Marrocos suspende contactos com embaixada da Alemanha

Em causa estão desentendimentos em relação ao Saara Ocidental

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O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Marrocos suspendeu as relações com a embaixada da Alemanha devido a "profundos desentendimentos", relacionados designadamente com a disputa em torno do Saara Ocidental, noticiou hoje a agência noticiosa Associated Press (AP).

A decisão que ocorreu esta semana surge num contexto de tensões diplomáticas em torno do Saara Ocidental e após a administração do ex-Presidente Donald Trump ter decidido em dezembro reconhecer a soberania de Marrocos sobre o território.

Uma carta digital do ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino enviada aos restantes ministros do Governo ordena a suspensão "de todos os contactos, interação e cooperação" com a embaixada da Alemanha e atividades relacionadas, revelou a AP.

Um responsável oficial do Governo de Rabat confirmou hoje a autenticidade da carta, mas assinalou que não deveria ser revelada publicamente.

O mesmo responsável, que não quis ser identificado, disse à AP que a decisão está relacionada com a recente posição da Alemanha sobre a questão do Saara Ocidental, em particular no rescaldo da decisão norte-americana e acrescentou que uma bandeira da Frente Polisário, que luta pela independência, foi hasteada no exterior da assembleia estatal da cidade alemã de Bremen, norte do país.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão disse estar ao corrente das informações divulgadas nos 'media' sobre a carta, mas não emitiu mais declarações.

Na tarde de hoje, o Governo de Berlim considerou não vislumbrar motivos para a deterioração das boas relações diplomáticas com Marrocos.

O embaixador de Marrocos foi solicitado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão a fornecer explicações do incidente numa "conversa urgente".

A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, combate pela independência do Saara Ocidental após a anexação por Marrocos da antiga colónia espanhola em 1975.

Uma força da ONU permanece no terreno para monitorizar o cessar-fogo instaurado em 1991, apesar das recentes acusações mútuas de violação das tréguas.

A ONU, que ainda não designou um novo mediador para o conflito, manifestou apreensão pela decisão de Trump -- em troca da normalização das relações diplomáticas entre Marrocos e Israel --, e que poderá comprometer os esforços de negociação do prolongado conflito.

Numerosos países, incluindo a Alemanha, apoiam uma solução política impulsionada pelas Nações Unidas.