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Tribunal russo condena líder oposicionista a dois anos e meio de prisão

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Um tribunal russo condenou hoje Alexei Navalny a dois anos e meio de prisão, por violação de liberdade condicional, com o líder oposicionista a dizer que foi vítima "do medo e ódio" do Presidente Vladimir Putin.

O juiz decidiu que Navalny - que regressou à Rússia no mês passado, depois de ter recuperado na Alemanha de um envenenamento -- violou a liberdade condicional, por não ter comparecido às autoridades competentes, no ano passado.

Navalny, que é o mais proeminente líder opositor do Presidente Vladimir Putin, tinha denunciado o processo como uma tentativa vã do Kremlin de assustar milhões de russos até a submissão.

Falando a partir de uma cela em vidro no tribunal, Navalny atribuiu a sua sentença que conheceu hoje ao "medo e ódio" de Putin, alegando que o Presidente russo ficará na história como um "envenenador".

"Eu ofendi-o profundamente, apenas por sobreviver à tentativa de assassínio que ele ordenou", disse Navalny.

"O objetivo desta audiência é assustar um grande número de pessoas. Mas ele não pode prender um país inteiro", acrescentou o líder oposicionista, quando conheceu a sentença, por ter violado a liberdade condicional a que estava sujeito.

O partido oposicionista de Alexei Navalny já apelou, através de mensagens na rede social Twitter, a uma nova manifestação contra a detenção e a sentença de prisão do seu líder, procurando mobilizar os milhares de manifestantes que nas últimas semanas protestaram contra o regime de Putin.

No passado fim de semana, cerca de 4.700 pessoas foram detidas, nas manifestações que têm repetido o gesto mostrar solidariedade com Navalny, sendo objeto de repressão violenta pelas forças de segurança russas.

Os apoiantes de Navalny preparam agora novas formas de protesto contra a sentença hoje conhecida e que colocará o líder oposicionista na cadeia durante dois anos e meio.

O serviço penitenciário da Rússia alega que Navalny violou as condições de liberdade condicional da sua pena suspensa de uma condenação por lavagem de dinheiro, conhecida em 2014, que o líder russo rejeitou, alegando ter motivação política.

Navalny sublinhou que o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu que a sua condenação de 2014 era ilegal e a Rússia pagou-lhe mesmo uma indemnização, em linha com essa decisão judicial internacional.

Posteriormente, Navalny, de 44 anos, foi detido em 17 de janeiro ao regressar da sua convalescença de cinco meses na Alemanha, após um envenenamento que atribuiu ao Kremlin, apesar dos desmentidos das autoridades russas.

Para se defender da acusação de violação da liberdade condicional, os advogados de Navalny argumentaram que a sua não comparência perante as autoridades se deveu ao facto de o líder político estar a recuperar-se de envenenamento na Alemanha.

Navalny também disse que os seus direitos foram violados grosseiramente durante a sua detenção e descreveu esse episódio como uma "paródia de justiça".

"Voltei para Moscovo depois de concluir o tratamento. Que mais poderia eu ter feito?", argumentou Navalny, durante a sessão de hoje no tribunal.

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