>
Coronavírus País

Bruxelas agrava projeção de contração em Portugal para 9,8%

Em 2021 a estimativa é de 6%

Pandemia deverá levar economia dos 27 a contrair 8,3% este ano

A Comissão Europeia agravou hoje as suas previsões económicas para Portugal este ano face aos choques da covid-19, estimando agora uma contração de 9,8% do PIB, muito acima da anterior projeção de 6,8% e da do Governo, de 6,9%.

Nas previsões intercalares de verão hoje divulgadas, o executivo comunitário reviu em baixa as projeções macroeconómicas, já sombrias, da primavera para o conjunto da zona euro e da UE, mas mostra-se particularmente mais pessimista relativamente a Portugal, ao agravar a projeção de recessão em três pontos percentuais, apenas parcialmente compensada em 2021 com um crescimento de 6,0% (neste caso ligeiramente mais otimista que os 5,8% antecipados na primavera).

O executivo comunitário espera então agora uma contração em Portugal acima da média da zona euro (-8,7%) e da UE (-8,3%), quando há dois meses estimava que ficasse abaixo, ao antecipar uma queda da economia portuguesa de 6,8%, contra 7,7% no espaço da moeda única e 7,6% no conjunto dos 27 Estados-membros.

"Com o confinamento a começar a diminuir em maio, a atividade económica está lentamente a retomar, mas para muitas empresas, tais como companhias aéreas e hotéis, é expectável que a mesma permaneça bem abaixo dos níveis registados antes da pandemia durante um longo período. O PIB deverá assim recuar 9,8% em 2020, antes de recuperar em torno dos 6% em 2021", aponta a Comissão, que adverte ainda para riscos sobretudo para o lado negativo, "devido ao forte impacto do turismo estrangeiro", setor "onde as incertezas no médio prazo permanecem significativas".

As previsões de hoje de Bruxelas estão todavia basicamente em linha com as mais recentes divulgadas pelo Banco de Portugal, que estima que a recessão atinja este ano os 9,5%, registando uma recuperação de 5,2% em 2020.

Bruxelas nota que "a atividade económica em Portugal inverteu-se acentuadamente em março, uma vez que a pandemia de covid-19 trouxe perturbações significativas, particularmente para a grande indústria hoteleira do país", o que levou a que, no primeiro trimestre do ano, o PIB caísse 3,8% na comparação em cadeia e 2,3% em termos homólogos, apesar dos dados muito positivos nos primeiros dois meses do ano".

A Comissão estima que, no segundo trimestre do ano, o desempenho económico se deteriore a um ritmo ainda muito mais acentuado, de cerca de 14% na comparação trimestral em cadeia, "refletindo contrações dramáticas na maior parte de indicadores económicos".

"O turismo tem sido o setor mais dramaticamente afetado, com as visitas a colapsarem quase 100% em abril relativamente a um ano antes", sublinha.

Por outro lado, o executivo comunitário aponta que "os efeitos da pandemia nos preços ao consumidor já são visíveis", indicando que, durante o primeiro semestre de 2020, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) caiu abaixo de zero, refletindo uma queda significativa nos preços da energia, o que mais do que compensa um aumento dos preços dos alimentos, esperando então Bruxelas que a inflação "se mantenha moderada em 2020 e aumente gradualmente em 2021".

Como nota positiva, a Comissão sublinha que a taxa de desemprego permaneceu globalmente estável, entre os 6,2 e 6,3% em março e abril, uma vez que os despedimentos temporários não tiveram um impacto estatístico imediato e os regimes de trabalho a curto prazo implementados pelo Governo também ajudaram a compensar o choque.

 Pandemia deverá levar economia dos 27 a contrair 8,3%

A Comissão Europeia estima que os choques provocados pela pandemia da covid-19 levem este ano a uma contração das economias dos 27 Estados-membros sem exceção, agravando a previsão de recuo no conjunto da UE para 8,3% do PIB.

Nas previsões económicas intercalares de verão hoje divulgadas, o executivo comunitário é ainda mais pessimista do que há dois meses, nas anteriores projeções da primavera, estimando agora que a pandemia leve a uma recessão ainda mais profunda no conjunto da União, pois em maio antecipava uma contração de 7,4% do Produto Interno Bruto (PIB), e agora também projeta que a retoma em 2021 seja mais moderada (5,8%, contra a projeção de 6,1% na primavera), compensando apenas parcialmente a queda deste ano.

Bruxelas continua a projetar forte recessão em todos os Estados-membros, tendo Portugal sido, entre os 27, aquele que viu a respetiva previsão de evolução do PIB mais agravada relativamente às previsões da primavera, pois a Comissão estima agora uma contração de 9,8%, mais três pontos percentuais do que há dois meses, quando antecipava um recuo de 6,8%.

Fechar Menu