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Alianças

Extemporâneo já que nem oficializado fora, bizarro por se ter adiantado ao próprio, assim foi o anúncio do Primeiro Ministro (PM) de apoio à recandidatura do Presidente da República (PR). Como consequência imediata e ao dar conta do “ardil” que tal poderia representar o PR apressou um encontro com Rui Rio para minimizar eventuais efeitos desmotivadores no eleitorado PSD. Um PR que tem sido pródigo em elogios aos governos PS e ao PM dando-lhe sempre cobertura política quando este teve de enfrentar situações politicamente adversas, subvertendo assim a sua função de árbitro cujo dever de imparcialidade colide com quaisquer apreciações de natureza política sejam de aplauso ou de crítica aos diversos intervenientes políticos governo ou partidos. A não ser assim há que questionar se as promessas do PM por cumprir adiadas de OE em OE não deveriam ter sido alvo de críticas do PR. Não admira pois que o PM tenha cada vez menos pruridos éticos em fazer declarações e promessas de qualquer tipo pouco ou nada incomodado se irá cumpri-las desde que consiga alcançar os seus objetivos políticos. Em face das consequências negativas para a economia fruto da atual crise o PM terá de tomar medidas de austeridade que criticou no passado o que lhe trará dificuldades de ordem política, daí este anúncio insidioso à recandidatura do PR na mira de obter dividendos políticos junto da base de apoio popular do PR e de reforço da tácita aliança política entre ambos que tem extravasado a mera relação institucional. De repente este PM que governou 4 anos em aliança com BE e PCP, com os quais continua a poder formar maioria na AR, que chefia o governo com mais ministros desde 1976, e que tem um Ministro das Finanças hiper-elogiado pela sua competência, foi incapaz de encontrar neste seu alargado universo político alguém com capacidade para traçar um plano capaz e exequível para ultrapassar a atual crise. O que dirão BE e PCP desta “privatização” do planeamento das decisões governamentais?

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