Universidades e politécnicos disponíveis para ajustes ao modelo de acesso
As instituições de ensino superior estão disponíveis para eventuais ajustes no modelo de acesso às universidades e politécnicos, devido à pandemia de covid-19, mas avisam que alterações devem ser excecionais.
À agência Lusa, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Fontaínhas Fernandes, admitiu a disponibilidade das instituições de ensino superior para se adaptarem às circunstâncias atuais, provocadas pela pandemia da covid-19, e para fazer parte da solução que o executivo venha a adotar.
No mesmo sentido, Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) reconheceu que o período atual é de emergência e, por isso, talvez seja necessário ajustar o modelo de acesso ao ensino superior, nomeadamente a respeito da calendarização, tanto dos exames nacionais do ensino secundário, como do início do período letivo no superior.
Ouvidos pela Lusa, ambos elogiaram a ponderação do Governo e do primeiro-ministro na discussão deste tema, admitindo que se trata de uma situação complexa, cuja resolução implica decisões que devem ser tomadas com tempo.
Em entrevista à Rádio Renascença, e questionado sobre ajustamentos no acesso ao Ensino Superior, Antónia Costa referiu na sexta-feira que o decreto presidencial que renova o estado de emergência até dia 17 de abril cria sobretudo um quadro geral para um conjunto de oportunidades.
“O critério que temos usado é o da máxima contenção com o mínimo de perturbação, e o que desejo é que não tenham que se alterar regras especificamente para este ano, sendo possível apenas ajustar calendários recuperando na medida possível este tempo - um tempo que não foi perdido, mas em que as escolas fizeram enorme esforço e os alunos também”, respondeu.
Ainda assim, o presidente do CCISP sublinha que qualquer decisão sobre o acesso ao ensino superior deverá ser extraordinária e aplicável apenas ao próximo ano letivo.
Esta foi uma das preocupações levantadas por Gonçalo Leite Velho, presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior, que considera que a situação atual não justifica alterações de fundo no modelo de acesso às universidades e politécnicos.
“A solução mais adequada é conseguir adaptar o modelo atual à situação atual”, disse à Lusa, acrescentando que o importante seria acompanhar o trabalho das escolas nos próximos dois meses, até ao final do ano letivo, e encontrar uma alternativa que não prejudique os alunos, mas mantenha o regime de acesso com exames nacionais.
Os estabelecimentos de ensino estão encerrados desde 16 de março devido à pandemia da covid-19, e milhares de alunos terminaram o 2.º período letivo com aulas à distância.
O futuro do 3.º período vai ser decidido no dia 09 de abril, mas António Costa já admitiu que o ensino à distância se possa prolongar depois da Páscoa, apontando 04 de maio como a data limite para um recomeço das aulas presenciais.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 57 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).
Dos infetados, 1.058 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.