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O meu 20 de Fevereiro: 10 anos depois o mesmo OBRIGADO!

Não me recordo do dia 20 de Fevereiro de 2010. Ganhei consciência e envolvi-me com o que se passou naqueles dias de tormenta que a Madeira viveu já numa cama daquele hospital cheio de gente ferida, tentando captar os acontecimentos no meio de cascatas de solidariedade e de histórias, muitas com tom de sorte, outras de vida e morte, imensas como pedra de toque para os holofotes dos canais de televisão, de rádio e jornais que por lá passaram.

Talvez, como para muitos dos ali hospitalizados, símbolos da estrutura e do coração da ilha feridos, nessa data, nesse ano, percebi na pele o que é ter uma segunda oportunidade na vida.

Fui altamente bem tratado por uma equipa de médicos, enfermeiros e técnicos do hospital. Saí para a vida no dia do Pai... a passo apressado para que nada me prendesse lá, para um mundo incerto, por reconstruir, aparentemente sem solução, para uma sociedade ferida e à procura de um caminho de sossego e de esperança.

Se a tempestade determinou o que estava mal, o que veio depois prova que o homem pode e sabe ser solidário... E é capaz de encontrar soluções. Já então o hospital vivia alguma crise de gestão, de pessoal e material, e mesmo assim presenciei uma entrega única daqueles profissionais.

Nunca seremos capazes de vencer a força da natureza ou de prever as partidas que a vida prega...Podemos construir os diques megalómanos que quisermos ou criar barreiras para parar a resolução da natureza. Pode até estar provado que somos finitos, pequenos perante forças maiores e desconhecidas!... Mas estas não serão razões para baixar os braços. Até porque, no meio da desgraça, aprendi que ainda se consegue rir ou sorrir, como sinal de que a esperança sobrevive sempre.

E se vier outro 20 de Fevereiro? Como vamos confiar no Hospital e nas pessoas que lá trabalham quando diariamente, independentemente das razões esgrimidas no tabuleiro mediático, prevalece um discurso e uma luta fratricida que destrói e mina a confiança em tudo o que tenha a ver com a SAÚDE?

Sou só um dos milhares utentes que passaram pelo hospital. Como tal, a minha mensagem tem o valor residual que tem ... Mas, comigo não contem para dizer mal daqueles profissionais. Não serão certamente perfeitos, milagreiros como às vezes tanto desejamos quando estamos doentes... Contudo, nunca conseguirei encontrar palavras para os que me ajudaram naqueles dias de tanta incerteza. Por isso, ainda 10 anos depois, o mesmo OBRIGADO.

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