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Perto de 150 pessoas morreram assassinadas em cinco dias no estado brasileiro do Ceará

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Quase 150 pessoas foram mortas entre quarta-feira e domingo no estado brasileiro do Ceará, no nordeste do país, onde membros da Polícia Militar continuam a amotinados e em greve, reivindicando aumentos salariais.

De acordo com o mais recente relatório da Secretaria de Segurança Pública do Ceará, no domingo houve 25 “crimes violentos letais”, aumentando para 147 o número de mortes nos últimos cinco dias, apesar da presença do Exército nas ruas, autorizada desde quinta-feira pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

A paralisação da Polícia Militar, que no Brasil é responsável por realizar patrulhas e que está proibida de entrar em greve dado o seu estatuto militar, teve início na noite de terça-feira, mergulhando o Ceará numa crise de segurança que levou a um aumento dos homicídios.

Bolsonaro, capitão do Exército brasileiro na reserva, autorizou, na última quinta-feira, a presença das Forças Armadas até dia 28, com o objectivo de conter a onda de violência naquele estado.

Desde então, soldados do Exército, membros da Força Nacional e agentes de outras instituições locais zelam pela segurança dos habitantes do Ceará, com uma população de cerca de nove milhões.

De acordo com o Governo brasileiro, cerca de 2.800 estão a realizar patrulhas pelo estado.

A greve da Polícia Militar surge num momento em que o Brasil celebra o Carnaval, um dos maiores eventos do país, e resultou no cancelamento das festividades em pelo menos nove cidades do Ceará.

A justiça militar suspendeu também, de forma preventiva, mais de 200 agentes da polícia que aderiram à greve.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o Procurador-Geral do Estado, André Luiz Mendonça, viajaram para Fortaleza, capital do Ceará, para acompanhar o trabalho das Forças Armadas na região.

Os responsáveis governamentais sobrevoaram a região de helicóptero antes de se encontrarem com o governador do Ceará, Camilo Santana, do Partido dos Trabalhadores (PT).

O Ceará, um estado de nove milhões de habitantes do tamanho da Grécia, está a passar por uma crise de ordem pública nos últimos dias que atingiu o seu pico na quarta-feira, quando o senador Cid Gomes, irmão do ex-candidato presidencial Ciro Gomes, levou dois tiros no peito enquanto tentava entrar num quartel da polícia com uma retroescavadora na cidade de Sobral. O seu estado de saúde está estável.

Os protestos no Ceará começaram na tarde de terça-feira, quando pessoas encapuzadas e mascaradas - alegadamente agentes policiais reivindicando aumentos salariais e melhores condições de trabalho - entraram em quartéis em diferentes cidades do estado e perfuraram os pneus de carros de patrulha.

Polícias militares, que no Brasil têm estatuto militar, são constitucionalmente proibidos de fazer greve, numa decisão que foi ratificada em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal, o mais alto tribunal do país.