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Bolsonaro diz que o seu Ministério do Ambiente "não atrapalha mais" os produtores

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O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse hoje que os produtores não serão mais afetados pelo que classificou de "pacote de maldades" e garantiu que o seu Ministério do Meio Ambiente "não atrapalha mais a vida" do empresariado.

"O nosso Ministério do Meio Ambiente realmente não atrapalha mais a vida de vocês. Muito pelo contrário, ajuda-os e muito. Relembrem há algum tempo como" órgãos de fiscalização ambiental "tratavam vocês e como esse tratamento atualmente é dispensado", afirmou Bolsonaro durante a inauguração de uma central de biogás no interior de São Paulo, tendo sido aplaudido pela plateia, segundo a imprensa local.

Ao lado do seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que é acusado por várias organizações não-governamentais de "desmantelar" órgãos que controlam possíveis crimes nos ecossistemas brasileiros, Jair Bolsonaro disse ser bem-visto "pelo pessoal do campo".

O chefe de Estado brasileiro voltou a fazer alusão à cimeira do G20, que reuniu líderes das 20 maiores economias do mundo no Japão, em 2019, quando rejeitou a proposta de aumento de reservas indígenas por parte "do Presidente de um grande país da Europa que quase sempre está na vanguarda" das críticas ao Brasil, sem se referir diretamente ao mandatário francês, Emmanuel Macron, com quem trocou acusações na ocasião.

"O Presidente de um grande país da Europa que quase sempre está na vanguarda para nos criticar, ele queria que nós ampliássemos de 12% para 20% a quantidade de áreas demarcadas como terras indígenas. Nenhuma reserva foi demarcada até ao momento e cada vez lutamos mais (...) para que o índio possa, se essa for a sua vontade, explorar o seu território da melhor maneira lhe que seja útil", disse.

"Acabou o tempo em que um chefe de Estado ia para fora e voltava para cá com um pacote de maldades, onde quem pagava a conta era, geralmente, o homem do campo", acrescentou Bolsonaro.

O ministro Ricardo Salles, cuja gestão é duramente criticada por ambientalistas, promoveu recentemente a exclusão de proteção ambiental dos mangues e da vegetação de parte das praias do Brasil.

Ecologistas consideraram que as normas de conservação eliminadas por Salles atendem a pedidos do setor imobiliário, e da indústria de hotelaria e do agronegócio, interessados em explorar áreas cuja ocupação era proibida.

"Desde que está no cargo, Salles procura alterar as regras de proteção ambiental e beneficiar aqueles para os quais verdadeiramente governa -- os setores do agronegócio, imobiliário, turismo e indústria. Ele sabia que, para aprovar regulações contrárias ao interesse público e prejudiciais ao meio ambiente, um passo importante e fundamental seria excluir a sociedade civil e a ciência do debate", denunciou a organização não-governamental (ONG) Greenpeace Brasil, em comunicado, no início do mês.

A ONG acusou ainda o ministro de descaracterizar e esvaziar o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), um órgão consultivo e deliberativo que tinha um papel importante na construção de políticas públicas e na regulamentação das leis ambientais no Brasil.

Em maio de 2019, o Conselho foi reduzido de aproximadamente 100 membros para apenas 23, sendo 41% destes ligados e indicados pelo Governo brasileiro.

Sob a gestão do atual executivo, os incêndios na Amazónia e no Pantanal, assim como a desflorestação, têm batido recordes.

No mês passado, o Pantanal brasileiro registou 8.106 focos de incêndio, um número recorde desde 1998.

Já a Amazónia brasileira registou, entre janeiro e setembro deste ano, 76.030 queimadas, o maior número desde 2010, quando foram registados 102.409 focos de incêndio no mesmo período, informou na semana passada o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

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