A estrada que não “cai que nem Ginjas”

Está aberta a polémica sobre a estrada entre as Ginjas e o Paul da Serra que o Governo Regional pretende asfaltar. De um lado os apoiantes da obra alegando razões de índole económica com interesse particular para o concelho de S. Vicente e do outro os críticos alegando que o seu asfaltamento constituirá um dano irreparável para o meio ambiente em geral e em especial para a floresta laurissilva que a mesma atravessa. Ao afirmar “Eu aproveito, já que estou no concelho de São Vicente, para reiterar a todos os cidadãos desta terra que eu vou avançar e concretizar a obra da estrada das Ginjas, quer queiram quer não, porque tenho mandato para isso”, o Presidente do Governo Regional mostrou tiques de prepotência e carência de autoridade democrática que remetem para outros tempos e que pensávamos não seriam “imitados”. O facto de ter um “mandato” não obsta de consultar, antes de tomar decisões com impacto ambiental que nos afetam a todos, quem de direito e com reconhecida competência sobre questões ambientais, e a ponderar corretamente o custo ambiental v benefício económico para tomar a decisão correta que poderá ser de não avançar com a obra se isso for melhor para a população em geral, até porque o mandato que tem para governar e tomar decisões foi-lhe concedido pelos eleitores da RAM e não exclusivamente pelos de S. Vicente. Independentemente dos pareceres técnicos competentes para o efeito, e como eleitor leigo no assunto, choca-me que a referida estrada que está aberta há quase 40 anos seja asfaltada criando-se assim mais uma “ribeira artificial” que poderá talvez ter consequências bastante danosas para a população de S. Vicente em caso de chuvas diluvianas. Julgo que o investimento na referida estrada deverá limitar-se ao alisamento do piso de terra batida adequando-o antes de mais às necessidades que poderão decorrer da prestação de socorro ou incêndio florestal e quem nela quiser passear que vá a pé que faz bem à saúde!

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