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Coligação de salvação madeirense

Faço parte, com muito orgulho, dos 35% de idiotas que não votaram no PSD-M

Lamentavelmente, ainda não foi desta que 39% da população madeirense quiseram entrar na senda da tão desejada alternância democrática e optaram por mais do mesmo. Incompreensivelmente a Costa norte da ilha e a Zona Oeste não permitiram que tal acontecesse e voltaram a entregar os destinos da Madeira aos “donos do pedaço, dos senhorios que há 43 anos põem e dispõem, a seu belo prazer, desta ilha vendendo-a a pataco ou oferecendo-a aos amigos do regime. Viva a ignorância.

Chamem-me o que quiserem mas não consigo calar a revolta que sinto por uma reduzida maioria, por capricho, devoção ou falta de cultura democrática, obrigarem cerca de 48% de madeirenses (não falo dos abstencionistas) a aceitar uma governação velha, amorfa e caduca de um partido que sem apresentar nada de novo, ameaça eternizar-se no poder. Será o povo do Norte e Zona Oeste da ilha mais esclarecido, democraticamente falando, do que a Costa Sul e Porto Santo que almejavam o legítimo direito à alternância na governação? Ou será que os primeiros sofrem de um síndrome que os obriga a votar sempre no mesmo partido à 43 anos? Ou será, ainda, que ficaram eternos reféns da betonização, do alcatrão, de uma luzinha em casa e da água para a sanita e, por isso, têm medo de arriscar na mudança sem nunca saberem se outro partido teria feito ou fará melhor?

Faço parte, com muito orgulho, dos 35% de idiotas que não votaram no psd-m e dos 44% de abstencionistas que também não deram o voto a Albuquerque, pois, juntos, teríamos uma confortável maioria absoluta.

Ainda não foi desta que a Madeira aproveitou a democracia que um grupo de bravos militares das forças armadas, nos ofereceram na revolução de Abril de 1974, para sermos verdadeiramente livres. Os madeirenses tiveram que carregar a cruz do fascismo durante 41 anos ininterruptos imposta por Salazar e Marcelo Caetano sem que nada pudessem fazer, porém, agora que tiveram uma boa ocasião para experimentar uma governação com ideias frescas voltaram a aceitar a partidocracia imposta pelo psd-m, que já nos governa a 43 anos, (arriscam mais 4) mais do que a anterior ditadura ou qualquer outra que tenhamos memória na Europa. Quanto a mim isto não é democracia, é o prolongamento de uma longa, obscura e penosa noite de fascismo.

Para acabar com esta democracia atípica e abusiva apenas resta uma solução, UMA COLIGAÇÃO DE MAIORIA PARTLAMENTAR PARA FORMAR O NOVO GOVERNO DA RAM, com o JPP e o CDS-PP . Embora o CDS manifeste tendência (natural) para cair nos braços do psd-m, não quero acreditar que apenas para obter uma ou duas cadeiras no Governo de Albuquerque, venha a esquecer o desprezo, o achincalho político e as ofensas brejeiras de que foi vitima durante estes 43 anos. Por lutar contra um poder absoluto, foi vilipendiado, assim como toda a oposição, pela arrogância e supremacia dos caciques da Madeira. Vão esquecer isso? Não quero acreditar que queiram vender a alma ao diabo por um prato de lentilhas mas reconheço que o poder é tentador. A ver vamos se o CDS/PP, contra tudo o que apregoou, queira ser cúmplice do saque das ribeiras, das inaugurações para ganhar eleições, da betonização da estrada das ginjas, das obras sem retorno financeiro, do esbanjamento em obras para o mar levar, das dívidas escondidas, das ameaças e ofensas verbais, quer na ALM quer no Chão da Lagoa. Terá uma migalha de Albuquerque mas em troca ficará na história com um partido que viabilizou, por mais 4 anos, um governo regional que já governa há 43. Quanto ao JPP depois de esmiuçar as duvidosas contas das PPPs dos Governos de Jardim e de Albuquerque e depois de desempenharem, e bem, um papel fiscalizador, acredito que não queira viabilizar uma coligação oligárquica de tantos anos. Será que as pessoas mais esclarecidas politicamente terão que ficar reféns de eleitores que estaão se borrifando para o bem comum e apenas querem saber da setinha virada para o céu como se fosse um dogma ou um símbolo de uma religião? Espero que JPP e CDS não queiram ser responsáveis pela continuação de um sistema velho e caduco que sempre desprezou a maioria dos madeirenses em prol dos familiares e amigos do regime.

Estou defraudado, não omito, mas ainda mantenho esperança num entendimento entre PS, CDS e JPP.