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Pulseiras ‘smartband’ podem apoiar decisão clínica em doentes oncológicos

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Um estudo realizado com 25 doentes hemato-oncológicos, entre 2016 e 2019, na região Norte, permitiu desenvolver um sistema de apoio à decisão clínica, recorrendo a uma ‘smartband’ para avaliar a qualidade de vida dos pacientes, foi hoje anunciado.

“O objetivo foi criar um primeiro protótipo de um sistema de informação com a integração de dados de questionários de autorrelato de qualidade de vida relacionada com a saúde, dados fisiológicos e comportamentais de doentes oncológicos”, disse à Lusa a investigadora Eliana Silva, investigadora do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores (LIACC) da Universidade do Porto

E continuou: “estes dados foram recolhidos através de dispositivos móveis ‘smartband’ (pulseiras inteligentes), em conjunto com técnicas de aprendizagem computacional, permitindo que a avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde fosse realizada em tempo real e de forma contínua, sem interferir com o dia a dia do doente”.

A investigadora do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores (LIACC) da Universidade do Porto, explicou que o projeto QVida+ que deu nome ao estudo, “baseia-se na evolução científica e tecnológica nas áreas da qualidade de vida e dos dispositivos móveis, com o objetivo de criar um novo paradigma de avaliação e utilização da qualidade de vida relacionada com a saúde”.

O projeto resultou de um consórcio formado pela Optimizer-Serviços e Consultoria Informática Lda, promotor líder do projeto, o LIACC, o Centro Algoritmi e o Instituto de Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho, acrescentou.

No estudo financiado pelo Portugal 2020, revelou Eliana Silva, “foram recolhidos dados de 25 doentes hemato-oncológicos durante o processo de tratamento”, tendo-se verificado “um padrão de semelhança entre os dados fisiológicos e de autorrelato”.

Como resultado do estudo, acrescentou, “foi desenvolvido um sistema de apoio à decisão clínica com apresentação dos dados e da informação do doente integrada, nomeadamente sobre o seu estado de saúde e a sua qualidade de vida”.

A investigadora explicou sobre a mais-valia que constitui o recurso às novas tecnologias e que a qualidade de vida refere-se “à perceção dos doentes e é avaliada a partir de questionários, os chamados questionários de autorrelato (...) que avaliam o bem-estar físico, emocional, social, entre outros”, um método que, disse, “contém algumas limitações”.

Outra limitação, continuou, “tem que ver com o estado atual da pessoa, tendendo a valorizar o momento que está a sentir em detrimento do que viveu na semana anterior”, situação que denominam de “viés do estado atual”.

“Nos doentes oncológicos, a investigação também tem mostrado que a prática da atividade física é recomendada durante e no final dos tratamentos e, por isso, estas metodologias de avaliação em tempo real permitem verificar o nível de atividade dessas pessoas, dando avaliações objetivas”.

Apesar dos resultados do estudo Eliana Silva admitiu que o “longo processo que leva à certificação” para uso em contexto médico faça com que continue a “não haver um horizonte temporal” para que passem a ser utilizados no país.