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Funchal-Lisboa

Mantenho a convicção de que o transporte aéreo é mais consequência do que causa, isto na perspectiva de que, tendo um produto turístico apetecível e competitivo, que se venda a bons preços, aparecerão companhias interessadas na rota.

Isto não significa, no entanto, que devamos relativizar a sua importância e, sobretudo, de perceber que a falta de lugares suficientes de avião para a oferta de camas actual é uma realidade.

Dito isto, atenho-me à rota Funchal-Lisboa e às alterações ao subsídio de mobilidade que, tarde e a más horas, entenderam agora introduzir.

Primeiro, aquela que mantenho ser a questão maior: - desde quando é que o princípio da continuidade territorial, preceito constitucional, se deve aplicar somente ao residente na Madeira e não ao todo nacional? A portagem em Chaves, por exemplo, aplica-se só a não residentes nessa área?

Percebo que seja uma chatice de muitos milhões de euros aplicar a Constituição, neste caso. Mas não faz sentido, a diferenciação. Andei por isso a pensar no que poderia ser uma solução, que estou convencido não deverá ser possível por uma qualquer questão constitucional... Claro!

A lógica é a de concurso público para aquisição de um bem ou serviço. Porque não abri-lo, na perspectiva de negociar com as companhias aéreas um valor de aquisição de um certo número de passagens aéreas, tendo como base o histórico que existe de número pessoas que utilizam a rota?

Para tentar explicar melhor sem gastar mais caracteres desnecessariamente... Pegue-se no valor médio que o Eng. Antonaldo anunciou, os 100€ e multiplique-se isso por, exagerando, 2 milhões de passageiros.

O total não ficaria bastante abaixo do que hoje se gasta? Relembro, só para manter alguma coerência, que não é o Governo que paga isto mas sim nós, contribuintes, através dos nossos impostos, pelo que toda a poupança é bem-vinda.

Claro que, incluindo o todo nacional, estaríamos a falar de mais pessoas. Mas seguramente que também poderíamos considerar um valor médio inferior, se o montante fosse pago à cabeça. E de mais camas cheias, se calhar até a melhor preço.

Aceito como válida a repartição destas viagens pelas várias companhias interessadas em fazer a rota (o que teria como benefício teórico o interesse de uma terceira empresa nisto) e até preços diferentes consoante horários ou dias de semana.

Fica a ideia, a ver se alguém pega nela e a desenvolve...