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A Madeira não vive em Democracia

Não caiam na tentação do comodismo de ficarem em casa sentados à espera que os outros escolham por vós

Independente da teoria, na prática não tenho pejo em afirmar que a Madeira não vive em democracia ou, se quiserem, tem um grande défice democrático (não é chavão). Se um dos principais pilares da democracia assenta na alternância de poder como podemos nós madeirenses afirmar que vivemos em democracia com um partido que nos governa há 44 anos e sempre com maiorias absolutas? Na Madeira a prática democrática é exatamente o oposto a este princípio. Foi para proteger e defender os valores da alternância e pluralismo, que foi aprovada uma, lei na Assembleia da República, para a limitação de mandatos autárquicos por forma a renovar a democracia e não deixarem que os eleitos criem vícios, promiscuidade, corrupção e abuso de poder.

Aproxima-se a data propícia para realizar essa mudança. A Madeira não pode ficar eternamente amarrada à preponderância de um único partido sem nunca conhecer a alternância, as ideias inovadoras ou um novo estilo de governação. Compete, em especial, aos jovens esse papel, essa quase obrigação, já que a minha geração, foi atingida por uma enfermidade rara e fez de um partido político uma doutrina, uma religião, ou uma paixão clubística, durante 44 anos. Por isso já muitos morreram sem nunca saberem se outro Governo teria feito melhor. Terão ainda a enorme responsabilidade de escolher a alternância porque só assim poderão saber a diferença. Não queiram que os vossos filhos e netos vos acusem de viver eternamente sob o jugo de um único partido, um único Governo.

Em Setembro de 2019 não poderão perder essa oportunidade sobe pena de não voltar a repetir-se. Não caiam na tentação do facilitismo ou no comodismo de ficarem em casa sentados à espera que os outros escolham por vós. Sejam vocês os obreiros da mudança, há muito ansiada na Madeira pelos homens e mulheres que pensam pela sua própria cabeça sem precisarem que qualquer político lhe aponte onde colocar a “cruzinha” no boletim de voto. Embora não pareça, a escolha dos nossos governantes é demasiado importante, é a eles que passamos uma “procuração” para gerir os nossos destinos e por muito que digam que não se interessam, jamais poderão viver sem a política ou sem os políticos. Eles serão eleitos, na mesma, seja com cem ou mil votos, por isso não deixem a vossa escolha em mãos alheias. A opção é mais simples do que parece; Se verificarem que o governo que escolheram não corresponde às vossas expectativas, pois então, passados 4 anos, ponham-no no olho da rua. William Ernest Hocking proferiu uma frase célebre e sábia: “As únicas desgraças completas são aquelas com as quais nada aprendemos”

As atuais e as novas gerações jamais deverão permitir que um Governo nos governe durante 44 anos, que nos envergonhe com dívida escondida ou que enxovalhe o povo tratando-o por patas rapadas ou como cães: “não vale a pena ladrarem porque ainda não aprenderam a ser cachorros”(AJJ, 22-02-2013), um símbolo da prepotência, arrogância, conflituoso e “mestre” no insulto. Tudo isto é próprio de hediondas ditaduras e não de uma democracia saudável como se vive em quase todo o Mundo. Já agora, um Governo renovado “licenciado” em promessas falsas também não convém. Estou certo que, com um novo paradigma de governação, o povo não permitirá que qualquer Governo saído das próximas eleições (des)trate as Câmaras Municipais ou Juntas de Freguesia, que não sejam da sua cor política, como inimigos. A Madeira é tão pequena e a sua economia tão frágil, que não pode dar-se ao luxo, dos governantes viverem de costas voltadas, sendo a população quem mais sofre por estúpidos conflitos de interesse próprio, ou governantes sem escrúpulos que olham demasiado para o seu umbigo e não hesitam em colocar interesses partidários à frente dos interesses da região. Acabem com estas injustiças já nas próximas eleições de Setembro.

Em conclusão; para a Madeira não interessa, mesmo nada, uma democracia musculada ao velho e gasto estilo do Chão da Lagoa ou lutas fratricidas com Lisboa porque em qualquer conflito, seja interno ou externo, ninguém ganha e todos perdem.

Envergonha-me pensar que um dia as futuras gerações, certamente mais evoluídas, ao ler a história da Madeira, lerão que a Madeira teve 44 anos o mesmo partido no poder e exclamem! 44 anos! Mas que cultura democrática tinham as gerações dos nossos pais e avós? Saberiam eles o verdadeiro significado de democracia? Ainda estamos a tempo de remediar isto, agora ou nunca!