Madeira

“Crime ambiental” repete-se em várias ribeiras da Madeira, diz a Cosmos sobre extracção de inertes

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Sobre a extracção de inertes da Ribeira dos Socorridos, que fez ontem a manchete do DIÁRIO, a Cosmos - Associação de Defesa do Ambiente e Qualidade de Vida começa por relembrar, através de um comunicado de imprensa, que há muitos anos que esta associação tem emitido vários comunicados a denunciar “o roubo” de inertes nos leitos das ribeiras e outras linhas de água, “sob o pretexto que esses inertes põem em causa as populações e seus bens a jusante”.

“Ora esta mentira, repetida até a exaustão pelo Governo Regional, tem permitido que inúmeras empresas ligadas a obras públicas tenham causado os mais hediondos crimes ambientais nas nossas mais importantes linhas-de-água”, acusa.

Relembra ainda que esta associação já fez várias participações, denúncias e queixas-crimes no MP contra membros do Governo, empresas e câmaras municipais, “sem qualquer resultado”.

Diz ainda que, além dos Socorridos, este “crime ambiental repete-se em quase todas as ribeiras do concelho do Funchal (Ribeira de João Gomes, Ribeira de Santa Luzia, Ribeira de Santo António) e em outros concelhos da Região, como na Ribeira Brava, Ribeira da Tabua, Ribeira da Ponta do Sol, Ribeira da Madalena do Mar, e também a norte, na Ribeira da Metade e Ribeira Seca, no Faial, e na Ribeira de São Vicente.

“A falácia de anos, inventada pelo Governo Regional, de que os nossos leitos e as nossas bacias hidrográficas têm de ser limpos dos seus inertes, é o maior embuste e a maior fraude alguma vez inventada pela propaganda pseudo-técnica do GR Aliás, esta rapinagem dos nossos recursos naturais, a pretexto do falso argumento da SEGURANÇA, tem alimentado negócios milionários e enriquecido alguns ‘técnicos’ do GR, de uma forma de tal maneira escabrosa, que só ocorrem graças à passividade do Ministério Publico e dos serviços de fiscalização governamentais”, acrescenta.

Além disso, afirma que ao intervirem desta forma “irresponsável, gananciosa e incompetente alteram completamente o equilíbrio hídrico destas ribeiras, esgravatando tudo o que encontram a montante, soltando materiais sedimentares e ‘descalçando’ os taludes laterais a estas linhas de água e, consequentemente, ocasionando deslizamentos de terras, que no caso de chuvas torrenciais, engrossarão o perigosíssimo caudal sólido, provocando enormes prejuízos e perdas de vidas humanas a jusante, nomeadamente o assoreamento das fozes destes cursos de água, e consequente transbordo das suas águas”.

No seu entender, “o Governo Regional, e a pretexto de medidas preventivas contra aluviões e cheias torrenciais nas nossas bacias hidrográficas, tem dado carta branca a essas empresas de rapina, no sentido de alimentar um negócio milionário, que orbita à volta da extracção ilegal e contraproducente de inertes das nossas ribeiras como também da instalação de ‘pedreiras’ e ‘aterros’ nos seus leitos de cheia”.