Turismo

Cabo Verde com tarifa para facilitar mobilidade entre as ilhas

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, anunciou hoje no parlamento que o Governo vai aprovar uma lei com uma tarifa para facilitar a mobilidade entre as ilhas com menor rendimento, pouca população e fluxo turístico mais baixo.

No arranque do debate mensal no parlamento, o chefe do Governo cabo-verdiano afirmou que a lei vai ser aprovada no âmbito da política de Transportes do executivo, onde será definida uma metodologia de sistema tarifário que melhor satisfaça as necessidades das ilhas.

O regulamento, segundo o primeiro-ministro, vai criar condições para facilitar a mobilidade entre ilhas com menor rendimento, pouca população e fluxo turístico mais baixo, como Maio e São Nicolau - as deslocações para estas ilhas obrigam a trânsitos e escalas, com reflexo nos custos dos transportes.

"O aumento de frequências e de regularidade nos transportes marítimos, em barcos de melhor qualidade, irá complementar a oferta de transportes aéreos", disse.

Ulisses Correia e Silva anunciou a lei no arranque do debate sobre o turismo e os seus impactos no desenvolvimento do país, durante o qual o deputado e presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, defendeu que falar do turismo no país implica falar dos transportes aéreos e marítimos.

Para António Monteiro, neste aspeto o país "não está bem", tendo em conta as "dificuldades terríveis" de fazer circular os turistas entre as outras ilhas, além do Sal e da Boavista, as duas que recebem o maior número de turistas no arquipélago.

Na sua intervenção, Ulisses Correia e Silva reafirmou a meta traçada pelo Governo de atingir um milhão de turistas em 2021, recordando que no ano passado o país recebeu 765 mil hóspedes, e apontou investimentos em curso que irão permitir atingir essa fasquia.

O chefe do Governo disse ainda que os investimentos vão permitir diversificar a oferta turística, transformar cada ilha num destino turístico e aumentar a oferta de produtos agroalimentares nacionais no consumo dos hotéis.

Entretanto, o deputado e presidente da UCID considerou que a meta de um milhão de turistas em 2021 é "muito fraca e minguada" e que o país tem condições para ultrapassar essa barreira, bastando investir mais, por exemplo em grandes hotéis.

Num tema proposto pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), a deputada e líder do partido, Janira Hopffer Almada, apontou alguns desafios e constrangimentos no setor do turismo no país, com destaque para os acessos.

Janira Almada questionou o executivo sobre como tenciona atingir a meta de um milhão de turistas se a oferta de voos entre os principais mercados de voos é dominado por duas ou três companhias 'charters', essencialmente para as ilhas do Sal e da Boavista.

"Como, se o transporte inter-ilhas - agora em monopólio [da Binter Cabo Verde] - é insuficiente, ineficaz e pouco previsível, e os preços das passagens são tendencialmente elevados?", questionou a líder partidária.