Prioridades nas escolas e na educação

As crianças e os jovens são o futuro. É desejável que essa seja a máxima presente sempre que se equacionem os investimentos que são feitos nas escolas, nas práticas pedagógicas, em suma, na educação.

Fiquei consternada perante a pré-anunciada iniciativa de que, no próximo ano letivo, todas as crianças do 5º ano verão os seus manuais escolares serem substituídos por tablets. Mais consternada fiquei ainda ao constatar que essa iniciativa promete ir avante. Atrevo-me a perguntar: foram auscultadas direções de escolas, professores, encarregados de educação ou psicólogos? Foram tidos em conta estudos que corroboram os malefícios de as crianças passarem demasiado tempo em frente a ecrãs? Qual o tempo médio que as crianças passarão diariamente em frente a um tablet, não contando ainda com outros ecrãs das suas vidas? Antecipando este cenário para o meu filho, que vai ser uma das cobaias, adianto-lhe o desapontamento por ele manifesto. Nas suas próprias palavras: “Para isso o tablet não tem piada.” O tablet que, na sua mundividência, é preferencialmente um objeto lúdico. Tarefa desafiante para os professores, a de os desenfronharem desse preconceito e raiá-los de uma nova significação. Manual – do latim manuale, que pressupõe manuseamento – vira tablet visuale.

Porque não canalizar o investimento para a aquisição de computadores e projetores, que são das escolas e ficam nas escolas, não estando sujeitos a expedições diárias em mochilas buliçosas?

Há ainda tantas mas tantas salas de aula dispersas pela Madeira que não dispõem desses equipamentos! Porque os recursos digitais estão ao alcance dos professores; porém estes não dispõem de meios para os usarem. E não têm que ser salas de aula do futuro: basta que estejam equipadas com os meios audiovisuais elementares, o que também pressupõe a existência de um quadro branco ou de uma tela que sirva de ecrã, para o qual se possam orientar os olhares de todos os alunos em simultâneo. Porque alunos desta e de outras faixas etárias precisam de ser orientados, precisam de partir do plano do concreto.

Enfim, a meu ver, as implicações das mudanças devem ser antecipadas e seriamente analisadas, antes de se avançar com a sua implementação. E não parece, de todo, ter sido o caso...