Artigos

Educação, Trabalho e Sucesso

Ter sucesso, meramente fruto do talento, sem trabalho árduo, é uma espécie de euro milhões

A vida pode ser madrasta ... sendo que há coisas que dependem de nós, e outras nem tanto.

Podemos optar por nos lamentarmos de não termos nascido em berço de ouro, não termos tido sorte na lotaria genética, termos deixado escapar aquela oportunidade ... ou, pelo contrário, focar a atenção naquilo que podemos modificar.

A inserção no mercado de trabalho é condicionada por muitos fatores, nomeadamente pelas nossas competências, sendo que estas dependem, fundamentalmente, da educação/formação (formal e não formal).

Ora, a educação formal, apesar de ainda estar dependente de um Sistema de Ensino que não está preparado para responder às atuais necessidades e motivações dos jovens, já oferece possibilidades que, mesmo não sendo as ideais, estão longe de ser devidamente exploradas (seja no Ensino Básico e Secundário seja no Ensino Superior).

Apesar de todos os constrangimentos, cada um pode fazer mais por si próprio e utilizar as possibilidades que existem para desenvolver as suas competências.

É fundamental conseguir definir objetivos de vida (curto, médio e longo prazo), o que pode começar a ser feito respondendo a questões tão “simples” como: - Que capacidades e potencialidades acho que tenho? Que capacidades e potencialidades me reconhecem? Como as posso desenvolver?

É preciso, desde muito cedo, perceber que tudo o que fazemos ou deixamos de fazer pode ser decisivo para o sucesso futuro. Não é indiferente limitarmo-nos a ir às aulas e passar as férias de “papo para o ar”, em vez de, por exemplo, de forma complementar, fazer voluntariado, praticar desporto, integrar grupos musicais, de teatro, etc.

Mesmo mais tarde, é preciso ter a noção que qualquer estágio (remunerado ou não) ou emprego (mais ou menos bem remunerado) podem e devem servir para evoluirmos, para fazer contatos, refletir, fazer sugestões do que se poderia melhorar...

Mesmo que não seja o emprego que idealizámos e não sejamos reconhecidos, temos de dar o melhor de nós. Temos de ser o mais competentes possível e não ter a atitude de deixar andar e fazer apenas serviços mínimos (obviamente sem prejuízo de reivindicarmos melhores condições...). É que o mundo dá muitas voltas, cada vez mais rapidamente, e um novo contacto, uma nova oportunidade, podem surgir quando menos se espera (desde que trabalhemos para isso).

Todas as profissões são dignas ... não temos de ter vergonha das nossas origens e daquilo que fazemos ou fizemos, desde que tenhamos sido honestos e dado o nosso melhor...

Se o Sistema de Ensino e a Educação não Formal nos tivessem ajudado a desenvolver, de forma adequada, certas capacidades e competências (por exemplo, criatividade, autonomia, capacidade de adaptação, montagem de estratégias ...) talvez estivéssemos mais preparados para as alturas em que a vida nos é madrasta.

Podemos sempre ficar à espera que nos saia o euro milhões mas, mesmo nesse caso, temos de apostar para que possa sair. Ora, há quem não aposte e mesmo assim todas as terças e sextas feiras tenha esperança em ser premiado. Por outro lado, há quem tente toda a vida e nunca tenha sorte. Só que o euro milhões é pura lotaria, não depende de nós.

Na vida, apesar de tudo, ainda temos uma grande margem de manobra para a modificarmos e moldarmos às nossas necessidades e motivações. Não é fácil, mas pelo menos podemos tentar e trabalhar para o conseguir... há instituições e mecanismos que nos podem ajudar... sendo que, o principal elemento diferenciador será a própria pessoa, com as suas motivações, capacidades e potencialidades...

É um chavão, mas efetivamente cada um tem capacidades e potencialidades que podem ser úteis, mas têm de ser fortalecidas. É fundamental trabalhar muito para as conseguir desenvolver e operacionalizar.

Ter sucesso, meramente fruto do talento, sem trabalho árduo, é uma espécie de euro milhões... Não acreditam? “Perguntem ao Ronaldo...”.