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XIII deu azar?

Era de esperar que, no mínimo, pelo facto de o CDS ter passado a integrar o governo, o programa, ainda que em enunciado pouco explícito, colocasse alguma forma de contraposição aos anteriores doze governos em relação aos quais se disseram oposição.

Pelo contrário, o XIII Programa de Governo diz-se de continuação das anteriores orientações.

Seria da mais elementar coerência apontar no XIII Programa de Governo alguma linha de esboço crítico ou de diferenciação relativamente aos anteriores governos que o CDS se disse opositor.

Mas, não! Em tom elogioso, PSD e CDS fizeram questão de sublinhar o prosseguimento do antigo modelo e opções de governação.

Então, estamos no grau zero da política. Está inaugurado um tempo em que o “acontecer” significa a completa negação de princípios éticos, a mais nauseabunda sofreguidão pelo acesso ao poder, ao poder que tudo (ou quase tudo?) justifica...

Para além desta verificação, outra perguntas se colocam: o que o XIII Programa de Governo confirma é que o CDS, durante décadas, apenas fez de conta que era contra as orientações apontadas pelo PSD? E não era com este CDS que o PS e Paulo Cafôfo, nos últimos dias, tanto insistiram em querer formar governo? Ou vale tudo para chegar ao governo?