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Uma caranguejola e uma comenda

No plano nacional, continua uma nova versão da geringonça. Na Madeira, nasceu uma caranguejola

Nos últimos tempos, mereceram-me particular atenção a formação e discussão do programa de governo regional da Madeira e o bebé que encontrado num caixote de lixo, em Lisboa.

Quanto ao primeiro, destaquei o facto de um partido que andou dezenas de anos a tecer críticas veementes aos programas e às acções governativas das sucessivas maiorias dos últimos quarenta e tal anos andar a engolir sapos do tamanho de elefantes... Na verdade, o maior derrotado nas últimas eleições regionais veio agora, contradizendo o que antes afirmou, desfazer-se em rasgados elogios para com a actuação da “concubina” que o levou ao poder. A economia e as políticas de saúde que ontem foram objecto de graves reparos, afinal eram as mais adequadas e excelentes. Se tivessem vergonha e memória, poderiam ser mais comedidos nos elogios e honrar o seu passado e afirmações de outrora.

É a politiquice no seu pior! Os homens e mulheres a sério não deveriam honrar o seu passado e a sua história? Ou, quiçá, o problema será falta de memória? Ou será um problema de coluna vertebral? Ou será que os tempos mudaram tanto? Alguém afirmou que “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Os princípios e valores não mudam num ápice, dum dia para o outro.

No plano nacional, continua uma nova versão da geringonça. Na Madeira, nasceu uma caranguejola.

Em Lisboa, foi encontrado um recém nascido, num contentor de lixo, por um sem abrigo. Depois de algumas peripécias, o bebé foi salvo e, segundo as notícias, encontra-se são e salvo.

João Paulo, o sem abrigo responsável pelo salvamento do Salvador (primeiro nome atribuído ao recém nascido), foi relegado para segundo plano. No entanto, o Rui, co-autor do resgate, teve a hombridade e a honra de homens verticais para repor a verdade e revelar os factos, vindo a público divulgar o papel fundamental e o mérito do seu companheiro de infortúnio no salvamento daquela vida humana.

O nosso Presidente da República não tirou umas selfies, mas entrou logo em cena. Fiquei admirado por ele não prometer mais umas comendas. Bem me lembro que, no início do seu mandato, todos os desportistas galardoados foram brindados com aquelas insígnias. A certa altura esgotaram-se as ditas cujas ao ponto de a cerimónia de atribuição ser apenas simbólica até que o stock fosse reposto.

São os políticos no seu pior: os primeiros a vergarem a coluna e o segundo a servir um populismo fácil!

Por estas e outras, os cidadãos vão-se alheando cada vez mais da vida política e a abstenção vai crescendo paulatinamente. No entanto, uma coisa é certa: a abstenção nunca será total. Os candidatos votam...