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Vamos (todos?) apertar os cintos

Vamos aparentemente ter o maior governo regional de sempre. Trata-se, afinal, de satisfazer não uma, mas duas clientelas. E há secretarias para todos os gostos.

O turismo “recupera” Eduardo Jesus. Demitido por Miguel Albuquerque em 2017 (ainda não se sabe bem porque, e diz-se que à conta dos transportes marítimos...) e substituído por Paula Cabaço, vai encontrar uma secretaria e um sector abalados por números muito pouco abonatórios do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos.

De acordo com números divulgados pela DREM anteontem, Agosto assistiu a uma quebra de dormidas de quase três por cento, acompanhada por quebras de proveitos da hotelaria que variam entre os 4 e os quase 5 por cento. Traduzindo, a procura diminui mas os proveitos diminuem ainda mais.

Isto é um sinal particularmente mau, porque denota uma quebra a nível da procura numa altura em que a hotelaria continua a apostar em novas unidades, e a quebra maior de rendimentos do que dormidas significa que cada dormida custou menos, pelo que continuar a construir hotéis parece pouco sensato, a não ser que o objectivo não seja ganhar dinheiro com alojamento.

A Madeira anda a brincar com o fogo há demasiado tempo, e só não sofreu os efeitos desta ousadia mais cedo porque tem sido beneficiada com os problemas de destinos concorrentes. Tem-se continuado a construir para além de todos os limites recomendados ao longo dos anos, continuam por implementar o POOC e o POT, e desde há muito que se verifica ser impossível formar novos quadros para pôr a funcionar os novos hotéis e para substituir os trabalhadores que saem do sistema.

Neste momento um dos mercados principais da Madeira está à beira da implosão, tendo já perdido poder de compra em Euros na ordem de trinta porcento. Penso que muitos cidadãos do Reino Unido vão procurar destinos de férias em que a libra ainda tenha algum valor. Não sei se a Madeira vai integrar esse espaço, mas em qualquer dos casos parece-me mau, porque vamos perder nas duas hipóteses: se formos pagos em euros, vamos perder clientes; se formos pagos em libras vamos perder rendimento.

Mas o futuro é já ali, e espero que não seja motivo para pedir ao último que apague as luzes...