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Hasta la vista, Ferry!!

Não entendo uma coisa. Passado mais de um mês sobre as viagens do ferry que liga Canárias a Portimão com passagem pela Madeira (e que uns lunáticos querem que passe pelo Porto Santo), faltam, pelas minhas contas, 19 mil almas para embarcar no tão desejado, gritado, amado, pedido, aclamado ferry para a malta ir daqui ao “contenente” com a caravana, a piscina de plástico, o canário e o cão. Não é por nada, mas numa breve passagem hoje pela página dos 23.975 membros que querem o ferry o ano inteiro, não percebi onde andam, porque menos de um quarto deles andou de Vulcão, mas fizeram do assunto uma tempestade desde fevereiro de 2013.

Pus-me no porto a ver embarcar a minha parte dos 3 milhões de euros que o coitado do governo anda a gastar para fazer a vontade a esses para trazer o bichinho até os nossos mares, uma meia dúzia de pessoas que fará o que bem entender do outro lado do oceano. Não questiono o que fazem, mas permito-me questionar o que não fizeram, até este dia, os quase 20 mil que reivindicaram o regresso do ferry, porque se o total de pessoas embarcadas ainda nem roçou as 5 mil, gostava que alguém no grupo me explicasse porquê. Não deve ser por causa do dinheiro, porque para meu espanto ainda custa menos um euro ir a Portimão do que ao Porto Santo. E começo a pensar no que poderá ser feito com os meus queridos euros, que acabaram de entrar no portaló do navio fretado, se não teria sido melhor empregue para me darem um subsídio de mobilidade para eu ir ao Porto Santo no Verão, uma vez que o outro é dado apenas nos nove meses menos procurados. A brincar, a brincar, se se pudesse ir de Verão ao areal a 20 euros, o Lobo Marinho teria duas viagens diárias para cada lado. E havia gente a querer ir ao fim de semana. Digo eu, que já não entendo mais nada. Pelo menos o dinheiro ficava aqui, na terrinha e os portossantenses não podiam acusar o governo de estar a fomentar o turismo lá fora.

Seria bom que se repensasse na linha e nos seus apoios. Já está visto que o pessoal grita, esperneia, esganiça-se, berra, vai de bandeiras para a Pontinha no dia da inauguração da linha, mas depois apanha o avião rumo a Lisboa, desculpando-se com a distância do Algarve até a capital. Sugiro que a partir de Portimão se façam paragens tipo intercidades, mas pelo mar, para descarregar em Sines, Setúbal, Lisboa, Peniche, Aveiro, Porto e Viana do Castelo. E no regresso a mesma coisa. Porque já se viu que Portimão fica fora de mão para os que gritaram por ele. Pelo menos para 20 mil que queriam o ferry de volta dia e noite. Mas que agora, como diz o povo, “não paguem, mas também não andem”.