Mais de 220 mil reacções adversas a medicamentos entre 2000 e 2015 em Portugal
Mais de 220 mil reacções adversas a medicamentos foram registadas em ambiente hospitalar em Portugal entre 2000 e 2015, segundo um estudo divulgado na publicação científica “Journal of Medical Systems”.
No estudo, destacado na edição de hoje da “Infarmed Newsletter”, os autores analisam a base de dados dos Grupos de Diagnósticos Homogéneos (sistema de classificação de doentes) e procuram estimar a frequência e o impacto dos eventos adversos nos hospitais públicos.
Foram contabilizadas 15 milhões de hospitalizações nos 15 anos em análise, constatando-se que 5,8% dessas hospitalizações (860 mil) tinham no mínimo um evento adverso associado, e que 1,5% (220 mil) estavam associadas a pelo menos uma reacção adversa a medicamento.
“Este número é seis vezes superior às notificações registadas no âmbito do Sistema Nacional de Farmacovigilância para igual período, 34 mil notificações”, afirma-se na “newsletter” do Infarmed, concluindo-se que apesar de limitações metodológicas do estudo se confirma “que a subnotificação de reacções adversas a medicamentos em Portugal é uma realidade significativa”.
No estudo os eventos adversos foram divididos em cinco tipos: incidentes na prestação de cuidados médicos ou cirúrgicos, complicações decorrentes de cuidados médicos ou cirúrgicos, intoxicações, reacções adversas a medicamentos, e efeitos tardios.
Os autores do estudo sublinham também que os eventos adversos mais comuns são as complicações decorrentes de procedimentos médicos ou cirúrgicos e reacções adversas a medicamentos, ambos com uma tendência crescente de ocorrência desde o ano 2000.
Entre 2000 e 2015, as complicações decorrentes de cuidados médicos ou cirúrgicos aumentaram 111%, os incidentes na prestação de cuidados médicos ou cirúrgicos aumentaram 120%, as reacções adversas a medicamentos e efeitos tardios aumentaram 275%, e as intoxicações 27%.
Os autores, Bernardo Sousa-Pinto, Bernardo Marques, Fernando Lopes e Alberto Freitas, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do CINTESIS - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, do Porto, admitem que esses aumentos também estejam relacionados com melhorias nos Grupos de Diagnóstico Homogéneos.