Crónicas

2019

Temos que reunir os melhores, os do passado e os do presente, em torno de um líder com futuro como o Rui Barreto

2019 será um ano de muitos e decisivos acontecimentos em Portugal e na Europa e será, também, um ano marcante para o futuro da Madeira. Estou convicto que pela primeira vez na história da Democracia e da Autonomia, não haverá maioria absoluta de um só partido nas eleições regionais, e isso é uma oportunidade única para mudar a Política na nossa terra. As decisões começam já este ano com vários Congressos partidários.

As mudanças de regime político, de governo ou as alterações nas lideranças são sempre momentos difíceis e muitas vezes traumáticos. Basicamente, essas mudanças podem ser feitas por via de ruturas mais ou menos radicais ou por transições bem ou mal negociadas. No caso dos regimes, podemos dar o exemplo da instauração da Democracia em Espanha e em Portugal. Enquanto no país vizinho, a mudança do franquismo para o pluralismo se fez de forma negociada e pacifica, sem grandes perturbações económicas e sociais, no nosso país foi o golpe de Estado do 25 de abril e a revolução que se seguiu que acabou com o Estado Novo e nos conduziu à Democracia. As diferenças são evidentes: ainda hoje, os portugueses pagam um elevado preço pelas nacionalizações e as estatizações que deram cabo da economia e por muitas irresponsabilidades e radicalismos que deixaram mazelas profundas como a da descolonização; os espanhóis, pese embora alguma turbulência, fizeram a transição política sem afetar o funcionamento da economia privada e sem ruturas no tecido social. Independentemente das razões que levaram a cada um dos processos, a verdade é que a nossa mudança de regime mais violenta, mas inevitável e que só pecou por tardia, teve custos elevados para vastos setores da sociedade portuguesa e a reconciliação entre classes levou mais tempo a fazer-se, pese embora os espanhóis serem conhecidos por terem o sangue caliente e os portugueses por serem um país de brandos costumes...

Este retrato de mudanças de regime aplica-se também, na sua dimensão e proporcionalidade, às mudanças nas organizações, sejam elas de âmbito político, económico ou social. Todos conhecemos instituições históricas e pujantes que definham porque a alteração nas suas lideranças é mal conduzida e leva a fraturas insanáveis e sem retorno.

Nos últimos anos, aconteceram algumas mudanças de liderança em partidos que devem merecer a nossa análise porque daí retiramos bons ensinamentos. Na minha opinião, há 2 maus exemplos e um caso de sucesso. Comecemos pelos primeiros. É sabido que o PSD Madeira precisava há muito de mudar a sua liderança, que ocorreu no final de 2014, muito tardia e que foi forçada pelos episódios da dívida oculta e do pedido de resgate da Região à República. A saída de Alberto João Jardim, fundador da Autonomia e seu primeiro governante durante 40 anos, foi feita em ambiente de confronto e quase de rutura geracional. Apesar de agora, haver um ensaio de regresso às políticas do passado, a verdade é que Miguel Albuquerque, um dos seis candidatos, não era o preferido do líder histórico e foi mesmo eleito contra o chamado jardinismo e contra tudo o que ele representava. A sua ascensão e posterior vitória nas eleições regionais de 2015, levou a profundas transformações e mudanças nos cargos dirigentes da administração pública, emergindo uma nova classe de jovens turcos a ocupar o aparelho de poder. A máquina que Jardim tinha montado, ao longo de 4 décadas, foi desfeita e em seu lugar, em muitos casos, só surgiu a ambição casada com a incompetência e a altivez unida à inexperiência. Daí as sucessivas remodelações no Governo, os reajustamentos partidários, o endurecimento do discurso, mas sobretudo os maus resultados eleitorais autárquicos, originados, em muitos casos, por clivagens entre o “novo” e o “velho” PSD. E o clima está mais desanuviado, mas não é certo que esteja despoluído. Não está em causa a mudança, obviamente inevitável da liderança, mas a forma como não se soube respeitar o passado e o seu protagonista, pese embora os muitos defeitos, mas também virtudes que lhes são conhecidos. Um outro mau exemplo de uma transição de liderança pouco conseguida, porque feita em rutura, é a de Rui Rio no PSD nacional. O corte com Passos Coelho e a sua equipa, o confronto com o grupo parlamentar, os acordos com o PS de António Costa e o regresso de uma certa tralha cavaquista ao seu Governo sombra, têm provocado enormes divisões internas e não são um bom pronúncio para o homem do Norte.

Um bom exemplo de “sucessão” pacifica e bem-sucedida foi protagonizado por Paulo Portas e por Assunção Cristas. Depois de uma liderança marcante de muitos anos, com um partido muito centrado na sua pessoa, Portas soube abrir caminho a Cristas e esta, aproveitando o melhor e os melhores do portismo, sem medo das sombras, soube fazer o seu caminho e afirmar-se no partido e no país. O CDS soube aliar a necessária experiência com a desejável renovação. É neste nosso e bom exemplo, que o CDS da Madeira deve pôr os olhos no próximo Congresso. Temos que reunir os melhores, os do passado e os do presente, em torno de um líder com futuro como o Rui Barreto. Temos que UNIR para ter ESPERANÇA e VENCER em 2019.