O Trabalho na Revolução Digital
As vantagens da transformação digital nas empresas são inegáveis. Oferecem maior eficiência operacional, maior capacidade de reacção perante novas oportunidades, maior rapidez e capacidade de resposta, maior integração e maior capacidade de obtenção de dados relevantes. No entanto, que este processo de transformação tecnológica potencia a substituição de trabalhadores por computadores ou robots para realizar os chamados trabalhos de rutina. A história recente mostra que muitos trabalhos se tornaram obsoletos pela introdução das tecnologias e isto continuará a acontecer no futuro a todos os trabalhos com características rotineiras e pelos que possam ser realizados por máquinas.
A economia, bem como a nossa sociedade, está a sofrer uma mudança importante pelo contributo das novas tecnologias. Todas as grandes empresas, principalmente aquelas que pretendem ser globais, são obrigadas a adoptar novas tecnologias para aproveitarem as potencialidades que estas oferecem, e para não serem ultrapassadas pela concorrência. Vejamos, por exemplo o caso dos bancos, onde já é possível contratar todo o tipo de produtos financeiros sem ser necessário se deslocar a uma agência. Outro exemplo são as redes de supermercado, que utilizam os cartões de cliente para conhecer melhor o perfil dos seus clientes e ajustarem promoções e tipos de produtos em loja para obterem assim maiores ganhos de eficiência.
As vantagens são inúmeras, desde a melhoria na eficiência operacional até ao impulso de uma cultura empresarial que fomenta a inovação. Tudo isto se está a fazer a uma velocidade alucinante, pelo que obriga a grandes esforços de adaptação tanto das empresas como dos trabalhadores. A mudança que a transformação digital impõe, não é só tecnológica, mas também comportamental, tanto a nível interno, como com a relação com os clientes. Esta mudança induz a alterações nas atitudes das pessoas e conduz a uma verdadeira reinvenção das empresas por um mercado que está a ser mediatizado pela digitalização. É por isso que se diz em muita bibliografia da área que a transformação digital reconstitui as dinâmicas das organizações para adaptá-las às necessidades do presente e do futuro e, talvez o mais importante, torna-se uma peça fundamental nos planos de negócio das empresas.
Neste momento não há nenhuma grande empresa que não tenha como objectivo a modernização tecnológica, que vise encurtar os tempos de desenvolvimento, que permita a redução de consumos ou que potenciem a análise de dados para melhor chegar aos clientes. A grande questão é que a própria evolução está, e irá continuar a substituir pessoas por máquinas. No entanto, há e continuarão a existir trabalhos não rotineiros que exigem competências específicas como a capacidade de resolução de problemas, intuição, criatividade, persuasão, adaptabilidade, improviso, reconhecimento visual e de linguagem, sensibilidade, afecto e outras competências humanas impossíveis de replicar pelas máquinas. É por isso, que a aposta no desenvolvimento destas soft skills, ou competências comportamentais, são fundamentais para sobrevivermos num mercado de trabalho que continuará a ser redireccionado pelo uso da tecnologia.