Artigos

Um congresso falhado que a Madeira não merecia!

O espanto do Professor Doutor Duarte Pitta Ferraz no primeiro dia do Congresso Internacional Contributo da Expansão Portuguesa para a Economia Mundial, realizado no âmbito das Comemorações dos 600 Anos da Madeira, perante a fraquíssima adesão de participantes e a crítica ao comportamento dos alunos do secundário que sairam a meio das conferências, fez-me sentir envergonhado de ser madeirense. Uma situação que deveria contribuir para enaltecer o nome da Madeira no mundo veio, afinal, revelar-se um fracasso em termos de atratividade e participação.

Os nomes de prestígio reunidos para intervir nos dois dias de Congresso mereciam uma divulgação à altura, o que não aconteceu, tendo falhado nomeadamente ao nível da Universidade da Madeira, parceira do Congresso e com docentes envolvidos na sua preparação. Alguns elementos da própria Comissão Consultiva, questionados por mim, confirmaram ter sido informados apenas no dia 15 de novembro por mensagem eletrónica, queixando-se da sistemática ignorância a que estão votados. Fiquei muito admirado como é que uma Comissão Consultiva não é tida em conta, nem muito menos informada atempadamente, perdendo-se um veículo importante de sensibilização e captação de públicos, uma vez que da ignorância não nasce saber e possibilidade de debate.

Eu próprio, dirigente de um centro de estudos, não recebi qualquer comunicação e participei por mero acaso: como vivo em Londres, estava na Madeira para participar noutra atividade atempadamente programada e tive de me desdobrar entre os dois encontros, porque queria participar no Congresso atendendo à qualidade dos oradores e à temática que é do meu interesse. Estranhei, ainda, a ausência de vários historiadores madeirenses, alguns deles de renome internacional, tais como, Nélson Veríssimo, Rui Carita, José Eduardo Franco, Paulo Rodrigues ou Benedita Câmara, por exemplo. Na área da economia, senti a falta, entre outros, de João Abel de Freitas, estudioso madeirense que muito se tem debruçado e publicado sobre os temas da Madeira.

Um evento desta dimensão, do ponto de vista do Professor Duarte Pitta Ferraz (e, com certeza, não só), deveria ser dignificado por uma campanha de divulgação adequada e de uma ação nas escolas, academias, instituições e comunicação social. Venho, por este meio, clarificar o Professor que o problema não está nos madeirenses, porque estes não tiveram acesso à informação com tempo, como eu não tive também, não tendo havido acesso a inscrições, nem acreditação para os professores, publicidade com antecedência mínima exigida por um evento destas dimensões - 3 a 4 meses no mínimo -, divulgação nos sites oficiais, designadamente dos 600 Anos e no da DRC. Em comparação, o Congresso dos 500 Anos da Diocese, no qual colaborei e participei, encheu a Sala do Congresso durante 4 dias consecutivos. Sabem quem organizou? Como organizou? Como divulgou? E como envolveu todos os madeirenses?

Os madeirenses, quando informados com tempo, comparecem e merecem melhor do que isto. Espero ter contribuído para o esclarecimento do Professor Duarte Pitta Ferraz e dos restantes conferencistas que merecem o mais altíssimo respeito e desejar que um dia a Madeira os possa receber com casa cheia.

Nota: No final da primeira manhã, do primeiro dia, deparei-me num balcão à entrada com quilos de certificados para quem quisesse levar consigo. Isto revela a banalização de algo que devia ser do maior respeito e seriedade na entrega e que certifica a presença de um participante.