AACMM: 25 anos em prol da cultura musical na RAM
Apesar de escrever este artigo antes do concerto comemorativo do 25º aniversário da Associação Amigos do Conservatório de Música da Madeira (AACMM), tenho já toda a certeza de que este concerto, que decorreu ontem, foi o momento apoteótico das celebrações da Associação a que tenho a honra de presidir já há 21 anos. A excelência dos músicos participantes, desde a Orquestra Clássica da Madeira ao maestro Dinis Sousa e o pianista Pasquale Iannone, não pôde ter um desfecho diferente. A solidariedade da Associação Notas e Sinfonias Atlânticas, através da qual a OCM já pela terceira vez enaltece os nossos aniversários importantes, é um resultado importante da consciência no que diz respeito à importância da colaboração institucional na área cultural, na nossa Região.
Os 286 concertos apresentados ao longo de um quarto de século, com nomes sonantes tais como os pianistas Peter Donohoe, Pascal Rogé, Sequeira Costa, Artur Pizarro, Vitaly Samoshko, Victorino d’Almeida, Leonid Brumberg e Naum Shtarkman, os violinistas Ilya Grubert, Grigori Zhislin e Zakhar Bron, a cantora Marie McLaughlin, o trompista Radovan Vlatković, o tubista Sérgio Carolino, os guitarristas Alirio Diaz e Dejan Ivanović e o Trio de guitarras de Zagreb, mas também muitos músicos portugueses, músicos residentes na Madeira e muitos músicos jovens, testemunham os objetivos principais da AACMM: contribuição e participação ativa na promoção de um clima de colaboração e comunicação produtivas, entre as entidades culturais e a sociedade; valorização dos jovens músicos talentosos da Região; elevação contínua da vida cultural na Região, e integração da cultura musical na sociedade. A aspiração à excelência e ao nível mais alto possível das apresentações artísticas tem-nos sempre conduzido a melhorar a seleção dos artistas convidados, tendo alcançado o máximo que os condicionamentos orçamentais presentemente nos permitem, e acho que o público, incluindo o público regional, tem vindo a reconhecer este esforço, premiando-nos com salas cada vez mais compostas e interesse cada vez mais elevado. A organização de concertos com programação criteriosa serve tanto para ajudar desenvolver o gosto pela música erudita como para angariar os meios para ajuda financeira a jovens talentos (quase 20 mil euros ao longo da última década). Assim, a sociedade regional ganha por duas vezes: a população tem a oportunidade de ouvir uma série de concertos de qualidade de referência e, assistindo a esses concertos, apoia o alargamento das oportunidades educativas dos seus filhos. Não menos importante, apoiando as atividades da Associação, quer assistindo aos concertos, quer doando, participa diretamente na procura do enobrecimento espiritual e formação de uma personalidade mais rica e sensível.
Sobretudo os projetos focados, tais como, no passado, ciclos integrais de obras de Beethoven (todas as sonatas para piano, violino e violoncelo), Chopin e Mozart, e mais recentemente, o PianoFest, atraem mais atenção e repercutem-se mais intensamente no panorama cultural da Região. Todavia, a nossa intenção não deixa de ser complementá-lo com uma temporada regular, conforme antigamente tínhamos feito, com um concerto por mês, pois desta maneira a AACMM conseguia uma ação pedagógica e cultural mais contínua e coerente, sobretudo junto do público madeirense. Essa intenção, no entanto, recentemente não foi fácil de concretizar face à falta de um espaço dedicado a concertos, um espaço que o público da cidade do Funchal e da Região patentemente merece e do qual necessita, uma vez que a sala do Teatro Municipal, um ex-líbris da cultura regional, onde se encontram os únicos pianos de cauda inteira na Região, é neste momento uma sala polivalente, e a sua programação por necessidade tem de conjugar eventos de várias artes e não só.
Porém, estou convicto de que o aumento geral da literacia cultural, e especificamente musical, sobretudo graças à atividade incessante da instituição a que a Associação deve o seu nome, a sua continuidade e muito do sucesso da sua atividade, o Conservatório - Escola Profissional das Artes da Madeira, trará frutos positivos neste sentido.
A Associação orgulha-se de, ao longo destes 25 anos, ter apoiado alguns dos músicos mais talentosos que está Região jamais teve e aos quais o futuro pertence, esperando que vão ativamente colaborar enquanto esta continua a servir a arte e a sociedade madeirense de melhor maneira que lhe for possível.