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Trump quer rever sistema de imigração legal para que assente no mérito

Foto Reuters
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O Presidente norte-americano apoiou hoje uma revisão do sistema de imigração legal para os Estados Unidos destinada a reduzir drasticamente o número de imigrantes pouco qualificados e a basear a atribuição de vistos de residência no mérito.

A proposta de lei elaborada pelos senadores republicanos Tom Cotton e David Perdue pretende dar prioridade aos imigrantes que falem inglês e limitar a 50 mil por ano o número de refugiados a obter visto de residência nos Estados Unidos.

“Esta legislação representará a maior reforma do nosso sistema migratório em meio século”, comentou Donald Trump na Casa Branca, agradecendo aos dois senadores presentes ao seu lado por terem redigido aquele projeto “histórico e muito importante”.

Embora o texto tenha poucas hipóteses de ser aprovado pelo Congresso, ele fornece, contudo, à Casa Branca uma oportunidade para mostrar aos apoiantes do multimilionário que este está a tentar cumprir as suas principais promessas de campanha.

A lei, batizada como RAISE (Reforming American Immigration for Strong Employment, ou Reformar a Imigração Norte-Americana para um Emprego Sólido), “vai mudar a forma como os Estados Unidos dão cartas verdes aos cidadãos de outros países”, acrescentou Trump, referindo-se à autorização de residência permanente conhecida como “Green Card”.

A atribuição desse documento tão cobiçado será determinada por um sistema de avaliação que “beneficiará os imigrantes falantes de inglês, que possam suprir financeiramente as suas necessidades e as da sua família e que possuam competências que contribuam para a nossa economia”, frisou o republicano.

Segundo a Casa Branca, “só um imigrante em 15 vem para os Estados Unidos com estas qualificações”.

“Em média, um milhão de imigrantes é anualmente autorizado a instalar-se legalmente nos Estados Unidos e a maioria são trabalhadores pouco ou nada qualificados”, prosseguiu o executivo.

“Este afluxo equivale a somar todos os anos a população de San Francisco ao país”, observou.

O objetivo é reduzir esse número para cerca de metade com este novo sistema inspirado nos dispositivos em vigor no Canadá e na Austrália, indicaram os senadores.

Para o Presidente, a legislação atual “colocou a pressão sobre os trabalhadores e os contribuintes americanos e nos recursos da comunidade”.

“Ela foi injusta para a nossa população, para os nossos cidadãos, para os nossos trabalhadores”, sublinhou, assegurando que a reforma em vista protegerá “as famílias americanas em dificuldades”.

Mas, para os seus críticos, esta iniciativa legislativa traduzir-se-á, na realidade, numa descida dos salários por causa da redução do número de imigrantes criadores de emprego.

A Academia Nacional de Ciências concluiu, depois de ter estudado estatísticas relativas a duas décadas, que o impacto da imigração nos salários dos trabalhadores naturais dos Estados Unidos foi “muito fraco”.

Em contraste, “a imigração teve um impacto globalmente positivo no crescimento económico a longo prazo dos Estados Unidos”, apesar de a primeira geração de imigrantes ter representado um fardo para os recursos da nação.

A mensagem presidencial vai provavelmente encontrar eco nos trabalhadores brancos pouco qualificados -- a sua base eleitoral -- cujos salários estagnaram e que pensam que o domínio da cultura norte-americana está a extinguir-se.