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Festival de Literatura, Mundo do Sal

Festival veio para abrir-se à parceria com os eventos culturais afins das Canárias, da Madeira e dos Açores

Cabo Verde, Canárias, Madeira e Açores, arquipélagos da Macaronésia, são espaços crucias da dimensão-mundo da insularidade atlântica, o que lhes vocaciona para a estratégia de grandes eventos e com impacto mundial. Considerando tal vocação, Cabo Verde tem tido claramente um papel preponderante na promoção dos eventos culturais que cumprem esse desiderato.

No próximo mês de julho, Cabo Verde estará mais uma vez na boca do mundo com mais um grande evento cultural, consolidando o seu projeto nacional de se tornar numa grande referência cultural atlântica. Estamos a falar do Festival de Literatura-Mundo do Sal (FLMSal), projetado entre 6 a 9 de julho, com a promotoria da Câmara Municipal do Sal, a curadoria do escritor português José Luís Peixoto e a organização científica dos editores da Rosa de Porcelana.

Uma meia centena de escritores, editores, professores, investigadores e jornalistas vão dialogar entre si e com a sociedade cabo-verdiana sobre os fazeres literários-mundo e determinar a forma como inscrever o espaço Sal-Cabo Verde-Macaronésia na miríade central da definição da literatura-mundo, como a perspetiva a iniciativa comparatista da Universidade da Harvard, associada a várias outras universidades do mundo, e como forma de emergir literaturas nacionais aos cânones determinados pelos estudos literários.

O FLMSal, na linha da montagem desse arquipélago de um cluster da cultura e da criatividade, pretende fazer da ilha turística do Sal (orientada para o turismo de sol e praia) uma referencia em termos literários e albergar a cada ano escritores, tradutores, editores, livreiros e pessoas ligadas às artes diversas. Com objetivo de identificar nalgumas literaturas nacionais escritos de potencial supranacional e/ou mundializável, bem como equacionar entre os escritores cabo-verdianos aqueles de alcance transnacional e com potencial dialogante de variabilidade universal.

Um projeto ambicioso, aberto oficialmente pelo Presidente da República, o escritor Jorge Carlos Fonseca, que começaria pela inscrição de Cabo Verde, mais precisamente a ilha do Sal, como um dos lugares obrigatórios da literatura mundial e, numa primeira fase, privilegiar a literatura em português (conceito que engloba as várias literaturas em língua portuguesa e a literatura de tradução para o português), fazendo o País alinhar no fenómeno de acompanhamento permanente e de participação ativa nos murmúrios do mundo literário global.

Tal como no teatro, pelo viés do Mindelact, na Cidade do Mindelo, como na música, pelo viés do Kriol Jazz Festival, na Cidade da Praia, bem assim no Atlantic Music Expo (mercado para a World Music) e no Festival Sete Sóis, Sete Luas (de variedade cultural), o Festival de Literatura-Mundo do Sal veio para ficar e para abrir-se à parceria com os eventos culturais afins das Canárias, da Madeira e dos Açores, arquipélagos da Macaronésia e, como tal, espaços crucias da dimensão-mundo da insularidade atlântica.