Análise

Futuro angustiante

E vão oito anos consecutivos com saldo natural negativo. Esta é a Madeira sem verniz e floreados, com indicadores demográficos assustadores e sem multiplicação capaz de gerar sustentabilidade a vários níveis. Uma realidade agravada em 2016 com a diminuição dos nascimentos na ordem dos 5%.

Uma sociedade que facilmente se distrai com palpites e apenas se junta por instantes para dizer mal de quem se mexe ou reagir à opinião livre parece viver a leste deste drama. É o que denota quando lava as mãos sempre que confrontada com necessidade de pensar nas medidas urgentes e nos apoios reais capazes de contribuir para o aumento da natalidade, a fixação de pessoas nas zonas rurais, o combate à desertificação ou o rejuvenescimento populacional garantido por imigrantes.

Esta gente confia levianamente no Estado, pessoa de bem mas que manifesta alergia ao povo. É ingrato. Despreza. Abusa. Dá abonos com uma mão e tira-os com a outra, taxando sem escrúpulos rendimentos, consumo e diversão. Diz-se amigo das famílias mas emprega-nos até a velhice, não nos dando sossego nos últimos dias, nem conforto a quem herda os gestos de amor à pátria.

Mais do que criar incentivos à natalidade, urge implementar medidas concretas, sustentáveis e credíveis, transversais ao modelo social vigente e coerentes com as políticas decretadas pela partidocracia que se reveza no poder. Ninguém procriará sabendo que a fome espreita e que a precariedade laboral se senta à mesa, se o desemprego não baixar, se os preços dos infantários configurarem assalto, se os livros ridicularizarem a história, se tudo for negócio mesmo que não reste ninguém para fazer contas.

Nesta ilha em que há mais mortes do que nascimentos, logo, mais dor do que alegria, mais fatalidade do que esperança e mais discurso do que intervenção, os alertas são diários, mas de efeito reduzido. Por muito alta que seja a esperança de vida, quem é que daqui a dias vai zelar pelo produto, por manter vivo o que é endógeno, honrar tradições e partilhar rumos?

De pouco nos serve ter aldeias a disputar as ‘7 maravilhas’, centenas de maiores de 18 anos metidos à força nas listas autárquicas e medidas circunstanciais de apoio à natalidade, se nos tiram qualidade de vida sempre que nos distraímos, se quem manda não cumpre com a continuidade territorial, se faltam vacinas e medicamentos nos centros de saúde e no hospital, se nos enganam com promessas, se nos regulamentam a criatividade, se nos tomam por tolos e se nos matam aspirações.