A depuração à moda do PSD-M está em marcha, por sinal, acelerada. De formas distintas. Nem todas com a mesma lixívia. Nem sempre com o intuito de punir irresponsáveis, intensificar a regulação, liquidar intrusos ou afastar corruptos. O que por aí se vê é bem mais intrigante. É pura purga. Em nome da satisfação da nova clientela ou da liquidação de quadros alegadamente insubmissos.

Na Ribeira Brava, o ainda presidente de Câmara ficou a saber que deixou de ser opção para o próximo confronto autárquico. Razão objectiva? É preciso dar lugar a quem não consegue fazer o trabalho de casa noutras paragens, satisfazer o que dita a facção poderosa num partido alegadamente com novos hábitos e dar expressão a uma vontade insondável? Pelo que se lê e ouve, Ricardo Nascimento até é preferido pela maioria - se não fosse, quem encomendou a sondagem já a teria exibido -, mas não conseguiu unir, nem que fosse com cuspo, as peças inconciliáveis de um puzzle partidário. Por isso saiu-lhe a rifa de cortesia, do género ‘seja cavalheiro e ceda o lugar na lista à senhora que se segue, à espera desde 2013!’.

Como limpar listas é com eles, até no Hospital, dezenas de utentes que se encontravam inscritos para cirurgias, foram retirados dos registos sem que tivessem conhecimento prévio. Se a moda pega, acaba-se a espera e com jeito todas doenças deste nosso mundo, pois dificilmente sobreviverá alguém para contar a genialidade que tem tanto de saloia como homicida. Para quando o internamento compulsivo dos decisores públicos com manifestas perturbações que atentam contra a qualidade de vida dos cidadãos? Trabalham para garantir a dignidade das pessoas ou para a estatística?

Os estrategas destas limpezas já devem ter pensado na melhor forma de dar a volta à narrativa confusa que, refira-se, nem sempre tem sido lida com perspicácia por toda oposição. Não se admirem por isso que seja promovida em breve, em jeito de trunfo eleitoral autárquico, mais uma remodelação governamental. Vai ser preciso desviar atenções de um processo em que alguns não aceitaram ser candidatos e em que outros dificilmente voltarão a ser cúmplices de promessas inconsequentes.