Turismo

Companhias acusadas de ocultar tarifas mais baixas de voos internacionais na Venezuela

A denúncia foi feita por Eduardo Samán, presidente do Instituto para  a Defesa das Pessoas no Acesso a Bens e Serviços (Indepabis), durante uma  "inspeção exaustiva" no Aeroporto Internacional Simón de Maiquetía, o principal  do país, situado a norte de Caracas.

"Estamos a fazer inspeções às companhias aéreas porque têm uma estrutura  tarifária abusiva", disse.

Segundo o presidente do Indepabis foram detetados casos de empresas  que oferecem a "classe tarifária mais cara, conhecida como 'Y', dentro da  classe económica ou turística".

Eduardo Samán precisou que as companhias aéreas "podem ter até 12 tarifas  dentro da classe económica" e que "a diferença de preço pode ser o dobro  ou o triplo, entre um passageiro e outro", sublinhando que "não há nenhuma  justificação" para tal situação.

Por outro lado, explicou, as transportadoras aéreas estão a incorrer  numa "restrição da procura", a qual é penalizada pela legislação vigente,  pelo que o Indepabis está a recolher as provas necessárias para iniciar  procedimentos contra as empresas e a aplicação de medidas preventivas para  'desbloquear' os bilhetes mais económicos.

Agentes de viagens contactos pela agência Lusa explicaram que até fevereiro  de 2014 é atualmente impossível conseguir um lugar disponível para viajar  de Caracas para a América do Sul, Europa e outros destinos, principalmente  em classe turística.

Recentemente, durante inspeções aeroportuárias, as autoridades venezuelanas  detetaram a existência de estrangeiros que viajam até Caracas, onde, trocavam  dólares por bolívares no mercado cambial paralelo com os quais pagavam as  viagens para outros países.

Esta situação estaria a afetar a disponibilidade de lugares para venezuelanos.

Na Venezuela está vigente, desde 2003, um sistema de controlo cambial  que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país.

Os cidadãos que pretendem viajar para o estrangeiro têm que recorrer  à Comissão de Administração de Divisas, que lhes autoriza até o equivalente  a 3.000 dólares anuais para consumo com cartão de crédito no estrangeiro,  à cotação preferencial de 6,30 bolívares por dólar norte-americano, valor  que é usado como referência pelas companhias aéreas para a venda de bilhetes.

No entanto existe um mercado paralelo onde, segundo as próprias autoridades,  a cotação é até sete vez superior à oficial.