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Projecto “Incluir” auxiliou mais de 300 ex-toxicodependentes do Porto desde 2014

Foto Shutterstock
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Uma associação do Porto de apoio a ex-toxicodependentes auxiliou, desde 2014, 320 utentes no âmbito dos três polos do projeto “Incluir”, 12 dos quais estão a trabalhar e entre 40 e 50 estão em formação profissional.

“Ajudamos pessoas que já passaram pelo consumo de drogas e quiseram mudar de vida, na sua maioria com mais de 40 anos, do sexo masculino e com percursos de consumo de drogas pesadas de 15 a 20 anos”, disse a responsável do projeto que nasceu na Associação de Solidariedade e Ação Social de Ramalde (ASAS), Joana Falcão.

O projeto, centrado no Bairro do Cerco, das Condominhas e Rua da Banharia, no Porto, decorre até dezembro de 2017 em parceria com o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

Joana Falcão explicou que, para as pessoas acompanhadas, deixar o consumo de drogas “provocou-lhes um vazio e não significou a solução dos seus problemas, pois alguns nem a quarta classe têm, não tinham rotinas e ainda hoje lidam mal com as contrariedades”.

“A abertura do polo no Cerco do Porto visou a criação de rotinas individuais para poder ultrapassar estes problemas”, frisou a responsável, revelando que “muitos deles aderiram à formação profissional, havendo quem trabalhe no comércio, em bombas de gasolina, numa liga de apoio ao animal e até como vigilante”, elencou.

Ao todo, e a cumprir três anos de atividade, o projeto “Incluir” permitiu que “12 utentes estejam a trabalhar e entre 40 e 50 em formação profissional”, revelou a também assistente social para quem a reinserção social “deve ser entendida mais como um processo e menos como um resultado”.

“Estamos a falar de uma população que não aguenta um ano em formação profissional, que nunca saiu fora do território onde consumia, pelo que há toda uma gestão que é preciso ser feita a fim de evitar que volte a sentir frustração”, explicou.

Confessando que “entrar no Bairro do Cerco”, quando o projeto se iniciou em 2014, “foi difícil, por ser uma comunidade mais fechada que noutros bairros da cidade”, Joana Falcão observou que “atualmente, a maioria das pessoas assistidas chegou através do passa-a-palavra”.

Com 60 utentes acompanhados no Bairro do Cerco do Porto - “onde o problema da toxicodependência se mantém” - desde que o projeto se iniciou, a coordenadora revelou “ser o alcoolismo o problema que mais afeta hoje em dia os ex-toxicodependentes, em face do tal vazio sentido após deixarem o consumo de drogas”.

Quanto ao futuro, Joana Falcão explicou que “o financiamento do projeto expira em dezembro e depois disso não há garantias de que se vá manter”, estando sob a alçada do SICAD “a decisão sobre se vai haver uma segunda renovação”.